Eduardo Bolsonaro e a alegoria do homem louco

O professor Olavo de Carvalho certa vez, ao falar sobre os problemas do Brasil, fez uma alegoria interessante, mais ou menos nesses termos: se você vê um homem que está louco, falido e divorciado, e você quer ajudá-lo, qual dos três problemas você deverá resolver primeiro?

Não é difícil concluir que não adianta nada o sujeito ter todo seu patrimônio de volta ou reatar os laços com sua esposa se ele continua louco. O primeiro e mais urgente problema a ser resolvido é a recuperação de sua sanidade mental. No contexto em que isso foi dito, o professor alertava – como incansavelmente faz – sobre a necessidade de primeiro nos formarmos intelectual e espiritualmente para depois adquirir outros bens, seja como indivíduo, seja como nação.

O recente caso da possível ida de Eduardo Bolsonaro a Washington como embaixador e a ponderação entre essa alternativa e sua permanência no Brasil para tocar a recém protocolada CPI do Foro de São Paulo permite a aplicação analógica dessa alegoria, e pode nos ajudar a compreender melhor a nossa situação atual e, com isso, a projetar melhor nosso futuro.

Provavelmente quem me lê já está por dentro de todas as opiniões e divergências que se estabeleceram sobre esse assunto. Minha intenção não é analisar minudentemente todas elas, mas sim, apenas dar minha contribuição com uma breve reflexão. Estamos vivendo em um novo governo, e não apenas um novo representante de uma velha política como acontecia no “ping-pong” entre PT e PSDB. Bolsonaro e sua equipe estão, de fato, inaugurando novos paradigmas políticos no Brasil. Algo realmente inédito em muitos aspectos. E o pior erro que podemos cometer é aceitarmos o clima de “já ganhou” que, por vezes, a torcida (eleitores influentes em redes sociais, alguns jornalistas independentes – formadores de opinião de modo geral) adota.

Apesar de não ser uma decisão fácil para Eduardo Bolsonaro, a escolha é simples, e envolve tão somente a eleição de prioridades. E isso aparece exatamente nas opiniões divergentes sobre o tema, mas não no que se alega como benefício hipotético, mas em como cada “grupo” enxerga o que para eles está em segundo lugar na escala de importância. Explico: quem acha que o deputado deve se tornar embaixador, geralmente diz algo como “Eduardo pode deixar seu suplente cuidando disso, e com certeza será um trabalho bem feito”. Por outro lado, quem acha que ele deve ficar e tocar a CPI afirma: “com certeza temos alguém tão capacitado quanto ele para cuidar das relações Brasil-EUA”. Ou seja, um grupo acha que Eduardo seria insubstituível aqui, comandando a CPI, o outro grupo acha que ele seria insubstituível lá em Washington. Como resolver esse impasse?

Eu me filio ao grupo que entende que o deputado deve ficar. E o motivo está lá naquela ilustração que reproduzi no início do artigo. O Brasil pode ter virado a chave, pode ter dado uma ginada à direita, e de fato isso ocorreu. Uma pessoa como o Eduardo Bolsonaro como embaixador, atendendo a um pedido expresso de Donald Trump (como se ventila por aí), seria realmente fantástico para nossa economia, um acontecimento histórico.

Mas nós ainda não extirpamos nosso maior mal, que é a articulação estratégica organiza de partidos de esquerda latino americanos juntamente com organizações narco-terroristas, que atende pelo nome de Foro de São Paulo. E isso é pra ontem!

Aprendamos com a história: de nada adianta um país enriquecer se ele deixar vivo e forte um movimento sabotador, golpista e assassino como o Foro de São Paulo é. Se o Brasil enriquecer com as novas relações com os EUA isso não vai impedir o ressurgimento (e o muito possível sucesso) de um movimento totalitário comandado pelo PT ou por outro partido de esquerda. Pelo contrário: a prosperidade econômica pode muito bem ajudar esse movimento, afinal, não se tem movimento político sem dinheiro.

Somos um país louco, falido e divorciado de nossa herança cristã e conservadora. Não podemos ser ingênuos e/ou afobados e acreditar que conseguiremos resolver os dois últimos problemas primeiro e deixar que essa doença revolucionária continue atuando em nosso corpo, e achar que isso não vai atrapalhar todo o resto. Não vai dar certo.

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Igor Moreira

Igor Moreira

Editor do Burke Instituto Conservador. Professor e palestrante.

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