O Bolsonaro aristotélico

O Bolsonaro aristotélico

Montando minha mentoria de argumentação política, comecei a escrever sobre retórica e evidentemente, sobre Aristóteles, no intuito de explicar aos pré-candidatos, que qualquer um pode falar em público e ordenar duas ideias, a fim de conquistar a atenção e a confiança da plateia. Aí percebi a semelhança com o atual presidente da República.

“Mas aí você passou do ponto! Como ousa comparar Aristóteles, o maior orador grego com o atrapalhado Bolsonaro?”

Bem, eu explico, mas para isso preciso contar sobre os bastidores do grande Aristóteles.

Ele era gago! Cheio de ideias, mas gago!

Em seu primeiro discurso foi ridicularizado com gargalhadas e piadas sobre sua gagueira, mas uma frase entrou diretamente em seu coração “Coloque o ar em seus pulmões e não no cérebro!”

Naquela noite ele chegou em casa e raspou o cabelo, na época era muito constrangedor sair nas ruas sem cabelos, então fez isso para não ter a tentação de sair de casa, dedicando-se ainda mais aos livros.

Dormia durante uma parte do dia, estudava outra parte e a noite ele discursava com a boca cheia de pedras e uma lâmina entre os dentes, foi a forma que ele encontrou de desafiar seu cérebro a controlar seus pulmões e canalizar a respiração da forma correta.

Quando o dia estava amanhecendo ele corria até uma praia e gritava seus discursos para o sol e para as pedras; antes das primeiras pessoas acordarem ele já havia voltado para sua casa e assim seguiu até dominar sua gagueira.

Quando dominou, saiu da clausura mais sábio e mais preparado do que todos os homens da época e virou um ícone para quem estuda retórica, dividindo assim o discurso político:

“O ORADOR: Aristóteles usa o caráter moral como atrativo para o orador, que deve dar uma boa impressão da sua pessoa, para poder agradar a plateia.

O DISCURSO: Necessariamente não precisa ser verdadeiro, mas deve ser nobre o bastante para comover as pessoas.

A PLATÉIA: Essa deve estar mergulhada na condição emocional que o orador deve ter gerado no ambiente para convencê-los.”

Ele dominou essa arte depois de ser ridicularizado pela plateia, ninguém se importou com suas boas ideias, apenas o calavam por não ser um bom orador.

Aquela frase de um desconhecido na plateia o fez dominar os pulmões e consequentemente, a gagueira, o transformando na pessoa mais franca e compreendida pelo povo.

Fico me perguntando se houve uma frase em especial, dita por algum repórter, ou por um desconhecido da multidão, que fez Bolsonaro soltar a mais clara explicação do século:

“A Imprensa têm que entender que a campanha acabou e que eu, Johnny Bravo, ganhou porra!”

Essa é a frase que Aristóteles não disse!

Mas é também, a frase que liberta Bolsonaro das amarras do ridículo, do deboche, do linchamento moral e das falsas expectativas sobre ele.

Ele está liberto e está nos braços dos brasileiros que também falam palavrões, que não são os cônjuges ideiais, os pais ideiais, não são os mais fiéis, os mais santificados, os mais sofisticados, são apenas pessoas reais.

Somos o possível! O crível! O melhor que podemos ser nas condições que nos deixaram.

Aristóteles convenceu milhares com um discurso que aproximava o orador da platéia.

Bolsonaro, do jeitão dele, fez exatamente igual.

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Raquel Brugnera

Raquel Brugnera

Escritora e articulista política, pedagoga, pós-graduando em Estratégia Política e Marketing Eleitoral.

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