O dia D para Bolsonaro e o curioso caso: Andreazza

Caso alguém ainda não percebeu, a questão agora é a seguinte: ser governado pelo centrão vigarista: a velha política de sempre que carregou o Brasil para o córrego do mundo; ou ser governado por Bonoro e Cia Ltda.: governo mais torto que filho de primos. Sinceramente, eu ainda prefiro o segundo, não por preciosismo, moralismo ou “conservadorismo”, mas porque eu não sou cúmplice de um centrão de conchavos, conluios e mais coisas que não podem ser ditas antes das 22 hrs. Se “tá” ruim com Bonoro, pior com Rodrigo Maia. Deus nos livre… Se eu quero ter brio para olhar na face do meu filho e ser exemplo para ele, prefiro então falar que fiquei do lado dos idiotas do que dos bandidos.

Andreazza, por exemplo, acha que é pecaminoso chamar certas figuras do congresso de corruptos; eu, no entanto, já acho que chamá-los assim se tornou reflexo. Estamos no Brasil, Andreazza, considerar o centrão corrupto não é caso de conspiração, é caso de Lava-Jato.

Em pouco tempo um otimismo um tanto quanto basbaque, em relação aos anosos tratos da velha política, começou a arrebatar os corações de muitos analistas nesse país, como se fosse maquinação de loucos considerar que a “articulação” do estabilishment buscasse meios escusos. Meu Deus, vocês vivem no país do petrolão, do mensalão. Lembram?

Desde quando é conspiração conjecturar que os nossos velhos de congresso travam as urgentes pautas governamentais em busca de endossos encardidos? Em raro momento de franqueza parlamentar, Paulinho da Força chegou a dizer que a intenção do centrão era aprovar uma reforma da previdência que não reelegesse Bonoro. Convenientemente todos esqueceram… agora é conspiração. Aliás, nosso presidente no congresso, Rodrigo Maia, foi mais citado em delações do que eu já fui escolhido para jogar futebol nas aulas de educação física em toda a minha vida.

Dia 26 será o dia do juízo final para o governo Bolsonaro, se fracassar, então adeus governança. Sim, ele jogou altíssimo quando postou a cavalar “carta anônima”, ele apostou que a sua base militante o sustentaria e que pressionaria o congresso a tal ponto que tornaria os congressistas de centro dóceis às aprovações das referidas pautas. Bolsonaro deu All in na esperança que o croupier seja seu amigo. Se vencer, terá um congresso amedrontado e menos resiliente frente às pautas do governo; se perder, o centrão será nosso novo presidente indireto, Bolsonaro perderá a governança e exercerá influência somente com o seu eleitorado e com a patota que o cerca. Esperar que Bonoro se torne um estadista dialogador, após uma derrota dessa, me parece um disparate que não deve ser cultivado por seus apoiadores.

Se isso ocorrer de fato, voltaremos à estaca zero e, muito provavelmente, toda luta contra corrupção travada nas ruas desde 2013 terá sido em vão. O que alguns não entenderam ainda é que a luta contra a corrupção se trata de uma luta sistêmica, e não moral ou política. Bolsonaro ― com toda a sua inépcia gerencial e demais dificuldades ― não representa um salvador político, mas alguém com a justa coragem para contrapor o estabilishment, para de fato lutar contra um sistema corrupto e corruptor.

Hoje quem representa o sistema antigo de governança são aqueles que falam em “fazer política”, mas não definem claramente quais as condições que colocam para tal. Ou sinceramente acham que o MBL purificará o centrão(?), que o MDB, DEM, PPS, PR, PODEMOS, não querem conchavos obscenos? Me poupem… Já basta o Andreazza.

Não estarei nas ruas dia 26, pois sou do tipo do cara que protesta lendo e escrevendo, mas incentivo fortemente aqueles mais ativistas, que se preocupam com a honradez do nosso país, a irem às ruas. Infelizmente é sim ― apesar do que os editoriais dizem ― tudo ou nada para a moral dessa nação. É a luta do status quo corrupto, contra um renovo tolinho que só, mas que ainda assim é bem-intencionado e pode se tornar vigoroso.

E se me permitem uma última dica ao Andreazza, não preveja a vitória ou derrota de Bolsonaro ainda. A verdade é que há uma grande nuvem de incerteza no ar. Como disse, Bolsonaro deu All in, as chances de ele ter enterrado o seu governo são altíssimas em caso de fracasso. Mas, meu irmão, se as ruas se encherem e o congresso tiver um pingo de bom senso e amor pela reeleição em 2022, ai então…

To be continued dia 26…

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, colaborador do Jornal Gazeta do Povo, ensaísta e editor chefe do acervo de artigos do Burke Instituto Conservador.

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