O fantasma coletivo do imbecil – Que o tiro não saia pela culatra

“Um grupo de intelectuais que se reúne com o objetivo de imbecilizar a si mesmos” essa, segundo Olavo de Carvalho, é a definição de Imbecil Coletivo, nome de um dos mais conhecidos livros de sua autoria. Uma classe dita intelectual que fez miséria, de fato, na inteligência do país. As consequências já são de conhecimento público e com a aceleração do processo de reação idealizado por Olavo, novas cabeças pensantes nasceram no Brasil. Com certeza devemos, e muito, essa renovação ao “guru da Virgínia”. Porém, cabe aqui alertar aos leitores que não devemos nos esquecer de suas lições para não cometermos os mesmos erros que nossos ideólogos esquerdistas de outrora. 

Após a ascensão e dominação hegemônica da esquerda pela qual passou o Brasil, a nossa recém organizada “direita” conseguiu uma vitória significativa com a eleição de Jair Messias Bolsonaro como presidente do Brasil. Muitas organizações – como por exemplo o Movimento Brasil Livre, o próprio Instituto Burke Conservador, o Instituto Mises Brasil, dentre outros – ganharam força. Autores escrevam livros, radialistas entraram na era dos podcasts, jornalistas alçaram voos mais altos e tudo isso foi reunido em bolo que festejava a plenos pulmões a “guinada à direita” que sobreveio ao país.

Mais de um ano se passou e quase metade dos paladinos da “direita” já ficou pelo caminho. É fato que a população brasileira se identificou com todos aqueles personagens novos com que se deparou, mas a decepção sofrida com alguns dos personagens foi de igual magnitude. Tudo isso ocorreu na política, mas essa não é a minha preocupação. A política é apenas um reflexo de ideias que estão sendo discutidas em círculos mais reservados. É com essas ideias que estou preocupado.

A produção intelectual derivada de autores que nos eram negados tem aumentado exponencialmente. Com a internet, essa produção vai encontrando o seu inverso: um desserviço à inteligência. Além do que, “a vida se apresentou isenta de impedimentos ao homem novo” e agora temos um novo homem-massa ocupando o lugar de uma massa de homens antiquados, o que evidencia que essa nova elite intelectual pode não ter referências fortes o suficiente. Parece que estamos assistindo ao nascimento de novos Imbecis Coletivos.

O candidato mais forte sempre foi, e talvez sempre será, o jornalismo atual. Ainda mais agora que o brasileiro médio se tornou uma grande viciado em notícias. Não interessa mais saber tudo aquilo que já foi feito para chegarmos até aqui, o que você precisa saber é o aqui e agora, mesmo que seja a coisa mais idiota. Notícias que são verdadeiras falácias auto probatórias e que são repetidas por outros canais. São as notícias das notícias. Uma autofagia verborrágica que não serve mais à realidade, mas à construção de narrativas.

Outro candidato me preocupa, até porque, de certa forma, eu faço parte dele. A camada intelectual, seja conservadora ou liberal, deve ficar alerta. Não podemos despender o nosso tempo construindo um arcabouço cultural sem alicerces bem formados. E mais, devemos ser críticos com nós mesmos, pois jamais conseguiremos fugir de uma inata característica humana: o erro. Devemos assumir nossos erros quando falhamos e corrigi-los. Existem os beligerantes que buscam defender o “nosso lado” independente do rumo que estamos tomando. Nosso compromisso deve ser com a Verdade. E não digo isso me referindo à veracidade dos fatos, mas a conceitos universalmente válidos. Nosso Senhor Jesus Cristo já nos admoestava em João 8:32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Nossa produção intelectual não deve somente atender aos nossos gostos e anseios. Ela deve buscar àquilo que está além, e não meramente o suficiente para atender ao ego de alguns.

Minha sábia mãe me dizia sempre que “a língua é o chicote do rabo”. Então antes de realizar uma crítica desenfreada, analise com máxima honestidade – como eu fiz antes deste texto – se o intuito é aperfeiçoar uma ideia mal concebida ou se a intenção é demonstrar o quanto de conhecimento você tem, ou acha que tem. Pare de escrever para si, escreva para os outros.

“ No fundo dessa seletividade, há porém, algo mais do que a mera omissão preguiçosa. Há o rancor de certa intelectualidade contra tudo o que esteja para além de seu estreito horizonte espiritual: ‘O homem se fechou tão bem em si mesmo que já não se vê senão as minúsculas fendas de sua caverna.’”

Gostou desse artigo? Apoie o trabalho do Burke Instituto Conservador virando um assinante da nossa plataforma de cursos online.

As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no email
Email

Comentários

Relacionados