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O que é conservadorismo?

O conservador se identifica em várias frentes sem nunca pertencer de fato a nenhuma, ele é um homem com princípios, e não um homem dependente de principados e partidos. Ou seja, não há uma forma certa de ser conservador ou uma fórmula para tal; pois é basilar a compreensão de que os conservadores, em toda história, fugiram de padronizações e pautas. Não que eles sejam homens que odeiam padrões, mas pelo simples fato de que os padrões modernos de catalogação de pensamentos políticos lhes são inertes.

Mas toda essa maleabilidade e liberdade do conservadorismo que acima expomos, não significa que os conservadores não tenham espinhas nas quais se sustentarem. Nós reconhecemos os conservadores através dos seus valores de cunho moral e regencial que transcendem a mera política.

Por exemplo, nem todo conservador é dócil ao conceito de “Estado mínimo” aos moldes do liberalismo mais radical, mas todos identificam limites na atuação do Estado, principalmente quando se trata de sua família. Nem todos os conservadores concordam entre si quanto ao modelo de governo/Estado a ser adotado, mas todos reconhecem o valor inalienável da vida humana em todos os seus estágios. Nem todos os conservadores usam gravatas borboletas, alguns são skatistas e outros pagodeiros; mas todos têm um apreço grandioso pelo arcabouço moral da civilização Judaico-Cristã.

Os valores conservadores:

Isto ocorre, pois, os valores determinantes para um conservador estão além dos estereótipos, políticas partidárias e ideários de sociedades perfeitas ou questões meramente pragmáticas — ainda que o pragmatismo o ajude em muitos casos. O conservador se baseia naquilo que é estrutural; enquanto ideologias discutem o formato do telhado ou as cores das paredes, o conservador se preocupa em fazer a manutenção das hastes que sustentam o edifício. Desta forma, ainda que partidos conservadores existam ao redor do mundo, o conservadorismo jamais poderá se resumir num partido qualquer, pois suas pautas transcendem a própria política.

O conservador, como dito acima, é o guardião das coisas que tendem a ser perene. Por exemplo, tanto ontem, quanto amanhã, a família foi e será o núcleo mais basilar da sociedade humana, onde, numa junção de determinação biológica, necessidade social e desígnio divino, o homem e a mulher se unem para formar uma manjedoura pré-social que arregimenta tudo que você consegue enxergar como construção civilizacional até hoje. Sendo assim, defender a família não é um fetiche de cristãos, mas um dever dos sensatos, dos conservadores dos pilares da sociedade.

Mas, de maneira mais sucinta, podemos usar a resposta do Pedro Henrique Alves — filósofo conservador — que num editorial para o Burke Instituto Conservador denominado O que realmente é o conservadorismo – Resposta ao site Valor econômico; se pauta basicamente em 3 hastes para explicar onde o conservadorismo está fincado:

1- Lei Natural – a defesa filosófica e, por vezes, teológica, de que há princípios e valores universais inscritos no próprio homem, e que esses valores, ao serem observados por uma mente sã e capaz, torna-se um guia natural das posições morais e éticas para uma reta vivência humana.

2- Costumes – o que Roger Scruton chamou de “ordem social contínua”. Para o conservador há uma sabedoria natural na civilização, que se dá através das naturais sucessões de erros e acertos através da história, tais sucessões vão lapidando as experiências humanas, suas éticas, artes, constituições e leis; fazendo com que o tempo seja um mestre eficaz e verdadeiro consultor dos homens prudentes. Este almoxarifado da história é guardado como um tesouro construído por mil mãos; Chesterton o chama de “democracia dos mortos”, ou seja, uma sociedade feita a partir da colaboração inteligente dos que já viveram, dos que vivem e daqueles que ainda viverão nessa mesma comunidade.

3- Reação ao utopismo – o conservador se opõe a toda mudança que requer da sociedade sacrifícios transloucados baseados tão somente num utopismo ou em teorias filosóficas sem empiricidade. O progresso sempre será bem-vindo ao conservador — já dizia João Camilo de Oliveira e Torres —, quando ele vier temperado com as benesses já conquistadas pela humanidade e seguras em valores que não maculem o próprio homem. Quando progredir significar regredir ao asco, nem que seja por um instante, o conservador repudiará o intento de imediato e se manterá firme em sua posição de guardião das coisas já feitas.

A disposição conservadora:

Desta maneira, assim como o primeiro instinto de um feto é resguardar a sua própria existência, o primeiro instinto conservador é manter os valores e Tradições naturais nos quais os homens são forjados, guardar aqueles ganhos civilizacionais que carregam a arquitetura do tempo como a sabedoria primaz da nossa raça. O que Edmund Burke denominou de “valores consagrados pelo o uso”.

Por fim:

O conservadorismo, desta maneira, não é uma ideologia, pois não depende da política para existir ou para agir, o conservadorismo é uma disposição de todos os homens. Talvez você não seja um conservador em âmbito político e social, mas seja conservador quanto aos deveres de seus filhos, ou ainda quanto à cultura de sua família; pois conservar é um ato natural, ainda que possa ser politicamente rechaçada por grupos. O conservador não precisa de carteiras de identificação, bandeiras e símbolos que o identifique, basta que na sua casa ele eduque o seu filho para o respeito aos valores morais e amor à família. Para ser um socialista você precisa defender bandeiras, se encaixar em grupos e respeitar ideias gerais determinadas por alguém, para ser conservador basta uma mesa de jantar e ensinamentos virtuosos. As ideologias precisam de ruas e praças, o conservadorismo precisa apenas de um lar.


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