Perdão por ser homem…

O que estou dizendo em Free Women, Free Men é que as mulheres nunca serão verdadeiramente livres se não deixarem os homens serem livres — o que quer dizer que os homens devem ter o direito de determinar suas próprias identidades, interesses e paixões, sem a vigilância intrusiva e censura das mulheres com sua própria agenda política. Por exemplo, se há um Centro das Mulheres oficial na Universidade de Yale (que existe mesmo), deveria haver um Centro dos Homens também — e os homens de Yale deveriam ser livres para fazer e dizer o que quisessem lá, sem gente bisbilhoteira pronta para denunciá-los ao escritório totalitário de assédio sexual. (grifo meu)

(Camille Paglia, autora feminista)

Em artigo publicado pelo jornal Gazeta do Povo, Sem Liberdade não há Humanidade, escrevi o seguinte:

Penso, logo existo. A frase celebre de René Descartes, filósofo, físico e matemático francês, nunca me pareceu tão incompleta. Não basta pensar para eu ter ciência que minha existência é um fato inegável; minha existência necessita que a leitura que faço da realidade que observo seja ouvida, lida e criticada, mas nunca criminalizada. Ter entendimento de mim mesmo não basta se não posso expressar isso ao outro. No fim a imortalidade do homem está na sua obra, legado intelectual e artístico, o que torna o cerceamento do direito à liberdade de expressão um ato inquisitorial. (grifo meu)

Criminalizar uma existência, marginalizá-la, sempre me soou como um típico enredo de romance distópico. Um estado que deseja julgar a índole de seus cidadãos baseado em critérios ideológicos e mentiras parece inverossímil. Determinar quem tem mais disposição para a criminalidade tendo por base narrativas falaciosas é, no mínimo, perturbador. Restringir o indivíduo de desempenhar papéis que este deseja assumir na sociedade somente por ser negro, branco, mulher, homem, heterossexual ou homossexual é uma violência contra o ser humano, como também,  ato inconstitucional:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

(Constituição da República Federativa do Brasil de 1988)

Tenho a impressão, todavia, que vivo em uma distopia chamada Brasil. Creio que George Orwell (1984), Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo), Ayn Rand (A Revolta de Atlas), autores de obras geniais, tanto na forma como no conteúdo, se surpreenderiam com as paisagens distópicas da política e cultura brasileira. Bastaria analisar a PL 1174/2019, assinado pelas deputadas estaduais Janaína Paschoal, Letícia Aguiar e Valeria Bolsonaro para perceber o grau de absurdo que tal projeto de lei deseja impor. Segundo a Advogada Criminalista e da Família além de especialista em Ciências Criminais e Direito da Saúde, Sara Protón:

O Projeto de Lei foi assinado por Janaína Paschoal, Letícia Aguiar e Valeria Bolsonaro, em que proibir-se-á que homens troquem fraldas, deem banho em crianças nas creches ou qualquer outro tipo de contato íntimo, o que em termos práticos e simplificando a pompa e as falsas boas intenções: para essas senhoras todo homem é abusador de crianças e por isso deve ficar longe.

 Meio a atual busca de se quebrar estereótipos e libertar os homens de papéis impostos e também ás mulheres, em que o ser humano não é um objeto para caber em caixinhas e muito menos há possibilidade de falar em liberdade e escolha, quando existem apenas algumas peças de roupas dentro do guarda-roupa e você só pode vestir as que estão dispostas nele. Mas falsa ideia de consciência e liberdade a parte, fato é que em 2019 um projeto desse cheira a naftalina, mofo, discriminação, preconceito e um retrocesso absurdo.

Tal projeto de lei incita o ódio aos homens, é um projeto misandrico, que carrega em si o direito penal do autor, mas também a vedação ao exercício constitucional ao trabalho, exercício esse que diz respeito a liberdade de trabalhar, liberdade para trabalhar e dever de trabalhar. LIBERDADE DE TRABALHAR É “O DIREITO DO INDIVÍDUO A NÃO SOFRER INTERFERÊNCIAS EXTERNAS NO EXERCÍCIO DE UMA ATIVIDADE LEGITIMA E LIVREMENTE ESCOLHIDA”.

O artigo da advogada Sara Próton merece ser lido e compartilhado, pois revela quão problemático é este projeto, embora ele seja coerente com uma postura progressista. A sociedade para os progressistas (esquerda)  é dividida em dois grupos: opressores e oprimidos. Este é o maniqueísmo marxista em que tudo de bom e necessário vem dos oprimidos e tudo que deve ser destruído e esquecido vem dos opressores. Os novos peões na batalha para se implantar o totalitarismo na civilização ocidental são o movimento LGBTI+ e o feminismo (não há feminismo de direita ou cristão, permitam-me o parêntesis), que buscam cercear direitos essenciais ao indivíduo como a liberdade de expressão, pensamento e, muito em breve, até a de existência.

Veja que, mesmo para amantes do marxismo como o jornalista Piers Morgan , políticas e posturas que discriminam o homem são “bobagens”:

“Foi uma semana muito ruim para os homens.

Ontem, a Associação Americana de Psicologia (AAP) divulgou um conjunto de normas que condenam a masculinidade tradicional como “prejudicial”. Especificamente, a AAP afirmou que traços masculinos como “estoicismo”, “competitividade”, “realização”, “fuga da aparência de fraqueza”, “aventura” e “risco” são ruins e devem ser eliminados.

Literalmente engasguei no meu sanduíche de bacon e salsicha (minha contribuição para o Veganeiro) quando li essa carga absurda de bobagens politicamente corretas.

É basicamente dizer que é errado e nocivo ser masculino, ser homem.

Como David French, um escritor da revista National Review, explicou em sua resposta fulminante ao relatório da AAP: “O ataque à masculinidade tradicional — embora libertador para homens que não se encaixam nas normas tradicionais — é em si prejudicial aos milhões de jovens que buscam ser física e mentalmente duros, enfrentar desafios e demonstrar liderança sob pressão. O ataque à masculinidade tradicional é um ataque às próprias naturezas deles. Os meninos são desproporcionalmente aventureiros? Eles gostam de riscos? Eles sentem necessidade de ser fortes? Por padrão, eles muitas vezes rejeitam características estereotipicamente ‘femininas’? Sim, sim, sim e sim.” 

 E aqui está um fato irrefutável para você: as meninas são muito diferentes dos meninos. Eles pensam de maneira diferente, se comportam de maneira diferente, se vestem de maneira diferente, se emocionam de maneira diferente e têm características marcadamente diferentes.

Qualquer um que tem filhos sabe disso. Contudo, de alguma forma, dizer isso em voz alta se tornou ofensivo.

A incessante guerra venenosa contra as diferenças sexuais culminou na própria palavra “homem” sendo condenada como um termo abusivo, ao ponto de a Universidade de Princeton chegar a publicar um ridículo memorando de quatro páginas instruindo os alunos a usar apenas linguagem sexual neutra.

Até mesmo palavras que tradicionalmente usavam pronomes masculinos estão sendo substituídas por termos neutros.

Não estou brincando: a Universidade de Princeton literalmente quer acabar com todos os termos que incluam tradicionalmente o sexo masculino. (Grifo meu)”

Homens são abusadores em potencial. A violência é um traço exclusivamente masculino. Devemos limitar o acesso dos homens a certas áreas. Estas Falácias geradas por uma ideologia que matou milhões no mundo não deveriam ganhar espaço em debates sérios.

A questão é que a informação que a maioria da população possui sobre política e história, por exemplo, não é fruto de horas de leitura de livros escritos por eruditos e intelectuais; A classe artística e a mídia costumam ser as fontes primárias de informação, infelizmente. Como estes servem de máquina panfletária marxista, transmitindo narrativas como se fossem fatos, não é de surpreender como o desprezo pela figura masculina vem ganhando tanta relevância. Sai o homem como agente protetor e provedor, para entrar o estado totalitarista assumindo estes dois papéis.

No Artigo do jornalista Polzonoff Júnior, O que é misandria, o ódio contra os homens que fez uma ‘gamer’ perder o emprego, há a pertinente citação do trabalho dos professores Paul Nathanson e Katherine K. Young :

 Para os autores, a própria ideia de que crimes cometidos contra mulheres são mais graves do que os crimes contra os homens, isto é, a criação do feminicídio, é expressão da misandria, que usa a ideia marxista do patriarcado opressor para transformar homens em “cidadãos de segunda classe”.

Em Spreading Misandry: The Teaching of Contempt for Men in Popular Culture [Espalhando misandria: o ensino do desprezo aos homens na cultura popular], os professores citam como exemplo os muitos cursos “sobre gênero” existentes nas universidades norte-americanas, todos voltados para as mulheres e dedicados a mostrar os homens como “os responsáveis por todo o mal, incluindo os perpetrados pelas mulheres que eles enganaram ou intimidaram”, que “as mulheres são as vítimas oficiais da sociedade e responsáveis por todo o bem” e que “homens devem ser punidos, mesmo que individualmente inocentes, pela culpa coletiva dos homens ao longo da história”.

 O artigo escrito pela jornalista Maria João Guimarães, o qual cita a psicóloga Marisalva Fávero , explica que:

A mulher pode ser pedófila e agredir crianças mais pequenas, do seu meio e com quem convive, de um modo subtil, que visto de fora quase não se consegue identificar”, diz a psicóloga, sublinhando que nunca lidou directamente com este tipo de casos. “Mas as crianças conseguem perceber que há alguma coisa errada, especialmente a partir de certa idade”.

A maior subtileza do abuso não significa que as consequências para as crianças sejam menores. “As crianças vítimas de abuso sexual perpetrados por mulheres apresentam os mesmos sintomas que as vítimas dos abusadores homens”. Ficam sempre desconfiadas e na defensiva, por exemplo.

Também os motivos das mulheres pedófilas são parecidos com os dos homens: “Eles dizem todos que ninguém gosta mais das crianças do que eles, que estão a defender a libertação sexual da criança…Há mesmo quem viva a relação de abuso como a única relação de algum afeto.”

A psicóloga explica ainda que é importante distinguir entre pedofilia e abuso sexual de menores, porque não são em rigor sinônimos. Até porque quando se fala de mulheres pedófilas está a referir-se uma pequena parte das abusadoras sexuais de menores, pois uma mulher pedófila tem uma preferência exclusiva por crianças.

O mito da mulher como figura protetora e cuidadora também se desfaz quando se considera a pedofilia feminina, mas Marisalva Fávero lembra que ele já antes estava destruído: “Basta olharmos para os números de maus tratos cometidos por mulheres”. (grifo meu)

Espero de fato que leis como esta sejam rejeitadas, contudo a cultura de ódio e morte que está por trás delas é ainda mais preocupante.

 

In memoriam a meu pai CARLOS ALBERTO CHAVES PESSÔA. Grande músico e jornalista que o mundo jamais conheceu.

Referências bibliográficas:

CHAVES PESSÔA JÚNIOR, Carlos Alberto. Sem Liberdade não há humanidade. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/sem-liberdade-nao-ha-humanidade/

PROTÓN Sara. PL 1174|2019: O retrocesso e a discriminação em proibir homens de trocar fraldas. Disponível em : https://saraproton.jusbrasil.com.br/noticias/771199909/pl-1174-2019-o-retrocesso-e-a-discriminacao-em-proibir-homens-de-trocar-fraldas. Acesso em: 23-10-2019

MORGAN, Piers. Estou tão farto desta guerra contra a masculinidade e não estou sozinho — com o seu anúncio lamentável de ódio aos homens, a Gillette acabou de cortar a própria garganta. Disponível em : http://juliosevero.blogspot.com/2019/01/estou-tao-farto-desta-guerra-contra.html. Acesso em: 24-10-2019. (Traduzido por Julio Severo)

Artigo original: https://www.dailymail.co.uk/news/article-6594295/PIERS-MORGAN-Im-sick-war-masculinity-Gillette-just-cut-throat.html.

POLZONOFF JUNIOR, Paulo. O que é misandria, o ódio contra os homens que fez uma ‘gamer’ perder o emprego. Disponível em : https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-que-e-misandria-odio-contra-os-homens-que-fez-gamer-perder-emprego/. Acesso em : 23-10-2019

PAGLIA, Camille. Entrevista disponível em : https://www.fronteiras.com/entrevistas/camille-paglia-las-mulheres-nunca-serao-verdadeiramente-livres-se-nao-deixarem-os-homens-serem-livresr

ALVAREZ, Tatiana. UM PERÍGO CHAMADO JANAÍNA PASCHOAL. Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=YWfPjuErG4g. Acesso  em : 23-10-2019.

Guimarães, Maria João. Mulheres pedófilas: Não são só os homens que abusam de crianças. Disponível em : https://www.publico.pt/2003/08/31/sociedade/noticia/mulheres-pedofilas-nao-sao-so-os-homens-que-abusam-de-criancas-1163809

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Carlos Alberto Chaves P. Junior

Carlos Alberto Chaves P. Junior

Graduado pela Universidade Federal de Pernambuco ( UFPE) em letras desde o ano de 2008.

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