Pedagogia do oprimido: a arte da doutrinação marxista

Depois do primeiro artigo sobre Paulo Freire, Paulo Freire: O lacaio da Revolução, ofereço aos leitores uma critica a sua obra mais conhecida: pedagogia do oprimido, cujo título  já revela que a ótica que norteia este escrito é o binarismo marxista. Há uma pedagogia dos opressores que vai de contra aquela que deseja criar a revolução marxista. Freire escreveu um manual de como doutrinar alunos, onde até a vida humana perde importância diante da revolução. O educador e escritor Sol Stern faz uma pertinente colocação sobre o livro mais conhecido de Paulo Freire:

Pedagogia dos Oprimidos não menciona nenhum dos assuntos que ocuparam a cabeça dos reformistas da educação durante o século XX: provas, padrões de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, como organizar as escolas, que matérias devem ser estudadas em cada série, qual a melhor maneira de treinar professores, o modo mais efetivo de educar crianças desfavorecidas em todos os níveis. Esse best-seller sobre educação é, ao contrário, um tratado político utópico que clama pelo fim da hegemonia do capitalismo e a criação de uma sociedade sem classes. (Grifo meu)

Como considerar este livro como relevante para a educação se este não trata de nenhum dos elementos, postos em negrito, acima?  Freire não realiza, tampouco, nem mesmo um diálogo e crítica a pensadores e autores relevantes para esta área. Como afirma Sol Stern:

Freire não está interessado nos tradicionais pensadores e educadores do Ocidente – não em Rousseau, Piaget, John Dewey, Horace Mann, ou Maria Montessori. Ele cita um leque bem diferente de figuras: Marx, Lenin, Che Guevara, e Fidel Castro, assim como os intelectuais orgânicos radicais Frantz Fanon, Régis Debray, Herbert Marcuse, Jean-Paul Sartre, Louis Althusser, e George Lukács. E não há porque ser diferente, uma vez que sua idéia central é que a principal contradição em toda sociedade é entre “opressores” e “oprimidos” e que a revolução resolverá esse conflito. Os “oprimidos” estão destinados a desenvolver uma “pedagogia” que os leve à sua liberdade. (grifo meu)

Analisemos a partir deste ponto trechos do livro tão bem quisto por professores militantes:

Na medida em que esta visão “bancária” anula o poder criador dos educandos ou o minimiza, estimulando sua ingenuidade e não sua criticidade satisfaz aos interesses dos opressores: para estes, o fundamental não é o desnudamento do mundo, a sua transformação. O seu “humanitarismo”, e não humanismo está em preservar a situação de que são beneficiários e que lhes possibilita a manutenção de sua falsa generosidade a que nos referimos no capítulo anterior. Por isto mesmo é que reagem, até instintivamente, contra qualquer tentativa de uma educação estimulante do pensar autêntico, que não se deixa emaranhar pelas voes parciais da realidade, buscando sempre os nexos que prendem um ponto a outro, ou um problema a outra.

Na verdade, o que pretendem os opressores “é transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os oprime”, e isto para que, melhor adaptando-os a esta situação, melhor os domine. (grifo meu) ( p. 33)

Os trechos destacados deixam claro que o objetivo da obra, isso também ocorre em outros livros do autor, é atacar uma educação que serve para respaldar a atuação politica e social de uma classe que, supostamente, subjuga outra ( opressores x oprimidos). Por “pensar autêntico” entenda-se o pensar segundo a ideologia marxista. “Visão bancária” representa uma visão antidialógica, pertencente à classe burguesa, capitalista, que é alvo das criticas de Freire. Demolir essa visão e substitui-la é a real razão dos escritos freirianos.

Insistindo as elites dominadoras na manipulação, vão inoculando nos indivíduos o apetite burguês do êxito pessoal.

Esta manipulação se faz ora diretamente por estas elites, ora indiretamente, através dos lideres populistas. Estes líderes, como salienta Weffort, medeiam as relações entre as elites oligárquicas e as massas populares. (p. 85)

Educar-se para ascender socialmente é algo que não serve a revolução marxista; Em diversos momentos o escritor reforça isso. O pensamento de obter riqueza é algo nocivo e que somente favorece a classe dos opressores, pois o desfavorecido social que almeje ascensão irá pertencer ao grupo que Freire deseja combater.

Para a prática “bancária”, o fundamental é, no máximo, amenizar esta situação, mantendo, porém, as consciências imersas nela. Para a educação problematizadora, enquanto um quefazer humanista e libertador, o importante está, em que os homens submetidos à dominação, lutem por sua emancipação. (p. 43)

Emancipar-se do sistema capitalista, do desejo de fazer parte do mercado de trabalho para disfrutar de beneficies advindas do aumento de renda é algo a ser repudiado. O aluno que de fato obteve sua emancipação é agente ativo da revolução socialista e não deseja nada além de contribuir para esta. Outro trecho que deixa claro isto:

O “homem novo”, em tal caso, para os oprimidos, não é o homem a nascer da superação da contradição, com a transformação da velha situação concreta opressora, que cede seu lugar a uma nova, de libertação. Para eles, o novo homem são eles mesmos, tornando-se opressores de outros. A sua visão do homem novo é uma visão individualista. A sua aderência ao opressor não lhes possibilita a consciência de si como pessoa, nem a consciência de classe oprimida.

Desta forma, por exemplo, querem a reforma agrária, não para libertar-se, mas para passar a ter terra e, com esta, tornar-se proprietários ou, mais precisamente, patrões de novos empregados.

Raros são os camponeses que, ao serem “promovidos” a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo. (p. 18)

O individuo de fato livre e consciente para Freire é aquele que serve ao coletivo e que anula sua individualidade diante dos postulados socialistas.

A manipulação, na teoria da ação antidialógica, tal como a conquista a que serve, tem de anestesiar as massas populares para que não pensem.

Se as massas associam à sua emersão, à sua presença no processo histórico, um pensar critico sobre este mesmo processo, sobre sua realidade, então sua ameaça se concretiza na revolução.

Chame -se a este pensar certo de “consciência revolucionária” ou de “consciência de classe”, é indispensável à revolução, que não se faz sem ele. (p. 84)

O pensar certo que é mencionado em diferentes trechos da obra é àquele que serve a causa socialista; a obra de freire, especialmente este livro, é uma trabalho de, repito, usar a educação para doutrinar alunos, para convencê-los que há um grupo opressor o qual devem repudiar e que o único caminho de se libertarem desta “opressão” é através da implementação do socialismo. Por pensar certo se entenda, também, o ato de submissão à ideologia marxista, de se submeter passivamente ao ideário revolucionário. Como afirma Sol Stern: “(…) não há dúvida de que para Freire apenas o Marxismo ou alguma versão do radicalismo esquerdista conta com uma genuína ‘percepção crítica’“. Analisemos outro trecho:

Daí que, enquanto os oprimidos sejam mais o opressor “dentro” deles que eles mesmos, seu medo natural à liberdade pode levá-los à denúncia, não da realidade opressora, mas da liderança revolucionária.

Por isto mesmo, esta liderança, não podendo ser ingênua, tem de estar atenta Quanto a estas possibilidades.

No relato já citado que faz Guevara da luta em Sierra Maestra, relato em que a humildade é uma nota constante, se comprovam estas possibilidades, não apenas em deserções da luta, mas na traição mesma à causa.

Algumas vezes, no seu relato, ao reconhecer a necessidade da punição ao que desertou para manter a coesão e a disciplina do grupo, reconhece também certas razões explicativas da deserção. Uma delas, diremos nós, talvez a mais importante, é a ambigüidade do ser do desertor. (p. 98)

Não há liberdade de se retirar do processo revolucionário; Quem deseja fazê-lo é porque não rejeitou ou expurgou o opressor dentro de si, convertendo-se em inimigo a ser disciplinado para assim incutir medo no grupo baixo o mando da liderança comunista. Matar desertores era a prática utilizada para manter a fidelidade ao sistema socialista e Che Guevara o utilizou e descreveu que fez da morte de um desertor um exemplo para a tropa em “paisajes de la guerra revolucionária”. Valorizar a vida não é algo que se percebe na obra de Paulo Freire, tal fato se traduz uma realidade no seguinte trecho:

Na verdade, porém, por paradoxal que possa parecer, na resposta dos oprimidos à violência dos opressores é que vamos encontrar o gesto de amor. Consciente ou inconscientemente, o ato de rebelião dos oprimidos, que é sempre tão ou quase tão violento quanto a violência que os cria, este ato dos oprimidos, sim, pode inaugurar o amor.

Enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens proibidos de ser, a resposta destes à violência daqueles se encontra infundida do anseio de busca do direito de ser.

Os opressores, violentando e proibindo que os outros sejam, não podem igualmente ser; os oprimidos, lutando por ser, ao retirar-lhes o poder de oprimir e de esmagar, lhes restauram a humanidade que haviam perdido no uso da opressão.

Por isto é que, somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes, enquanto classe que oprime, nem libertam, nem se libertam.

Paulo Freire justifica a violência que possa ser utilizada pelos oprimidos e a legitima como expressão de amor, como se fosse algo até natural numa ideia de que este grupo o faz para defender e assegurar sua existência. Isso não difere para mim de algo que encontro no Minimanual do Guerrilheiro Urbano de Carlos Marighella, no modo como justifica atos de violência e ódio dirigidos a certas classes e instituições. A esquerda no uso da palavra discurso de ódio se revela uma grande hipócrita, pois o ódio é elemento presente na doutrinação socialista, como bem se pronunciou a respeito disto Lenin, ao dizer: “Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas”. A vida somente possui valor se está do lado correto e se pensa correto; o socialismo é uma distopia que somente mentes alienadas ou doentes podem defender.

Não há razão para denominar Freire como educador e pedagogo, pois não foi nada além de um lacaio a serviço do socialismo. Não há genialidade em suas obras. O grande papel deste senhor foi oferecer a teoria necessária para promover doutrinação, o que transformou ambientes educacionais e intelectuais em formadores de militantes. Freire não foi nem mesmo capaz de gerar um grupo intelectual esquerdista que ombreasse grandes autores de esquerda como Rachel de Queiróz, Jorge Amado e tantos outros que agraciaram o mundo com seus escritos. Paulo Freire analisado objetivamente é somente um autor mediano e militante, cuja obra não deveria ter menção dentro da educação.

 

Referencias bibliográficas:

Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17°. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,

1987.

MAULTASCH, Gustavo. Essas eram as ideias de PAULO FREIRE, patrono da educação brasileira, no livro PEDAGOGIA DO OPRIMIDO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nR2vxtIHpv0 Acesso em: 23 de agosto de 2019.

STERN, Sol. Pedagogia do opressor. Disponível em : http://www.escolasempartido.org/doutrina-da-doutrinacao-categoria/502-pedagogia-do-opressor Acesso em : 29 de agosto de 2019

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Carlos Alberto Chaves P. Junior

Carlos Alberto Chaves P. Junior

Graduado pela Universidade Federal de Pernambuco ( UFPE) em letras desde o ano de 2008.

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