Para um referencial sobre o quadro político na era do Globalismo – Parte I

INTRODUÇÃO

Tendo discorrido de forma alongada a respeito da ideologia em outros ensaios ― sendo que, o último, o mais longo deles, permanece na gaveta, aguardando o momento de vir a lume ―, senti a necessidade de aclarar um aspecto relacionado a dois termos bastante vulgarizados que são utilizados de forma indiscriminada no debate público ― esquerda e direita. Não é possível continuar sustentando minha posição sem alumiar esse ponto. Assim, tendo sondado o abismo existente entre essas forças histórias, aquilo que chamo de correntes políticas e as ideologias, e verificado o caráter nocivo decorrente da imprecisão terminológica reinante, os problemas relacionados aos equívocos suscitados pelo mau emprego delas no debate público, optei por lançar essa discussão antes de fazer publicar o meu estudo a respeito do assentimento à ideologia. Que fique claro: não estou interessado na origem dos termos, nem na melhor forma de definir aquilo que essas correntes políticas (de esquerda ou de direita) aspiram. O que estou propondo é uma análise que visa alumiar a relação (por vezes promíscua) entre a ideologia e as correntes políticas, pois, como creio o Ocidente não conseguirá subjugar as ideologias enquanto não entender que não existem ideologias de esquerda e de direita; e enquanto continuar a tratar as ideologias como se fossem meras opções políticas de esquerda e direita. É essa a discussão que me ocupo aqui.

DA IDEOLOGIA

            Na fase final da guerra, enquanto o Exército Vermelho se aproximava de Varsóvia a caminho de Berlim, o Primeiro-Ministro polonês no exílio, Stanislaw Mikolajczk (1901-1966), a pedido de Churchill, que, naquele momento se encontrava em Moscou, deixou Londres para mais uma rodada de negociações no Kremlin. Depois de uma tumultuada reunião conjunta, que terminou num impasse, Mikolajczk pediu para conversar a sós com Stalin ― e foi nessa oportunidade que ele teve a chance de testar o líder soviético até o limite. “Perguntei-lhe diretamente,” escreveu ele depois, “se pretendia fazer da Polônia um estado comunista depois da guerra. E lhe recordei,” acrescentou, “que eu não era, e nem nunca seria, comunista, e que sempre seria adversário de suas doutrinas.” Ignorando a provocação, Stalin tentou tranquilizá-lo: “O comunismo não foi feito para os poloneses. São demasiado individualistas, demasiado nacionalistas. A futura economia da Polônia deve permanecer baseada na propriedade privada. [A] Polônia será um estado capitalista.” Mikolajczk insistiu: “‘Darias ordens para que o Partido Comunista Polonês não tente chegar ao poder por meio de uma revolução, depois da guerra?’ ― perguntei. ‘Acaso os partidos não comunistas poderão atuar sem serem taxados de ‘fascistas’ ou ‘reacionários’?” Stalin parecia determinado a passar a impressão de ser um homem cordato: “Darei essa ordem,” disse. “A Polônia não será molestada por lutas fratricidas,” disse, para logo em seguida fazer uma ressalva: “No entanto, existem algumas pessoas ― tanto de esquerda quanto de direita ― que não podemos admitir na política polonesa.” Mikolajczyk reagiu a isso dizendo que numa democracia não era possível ditar quem poderia e quem não poderia participar da política, mas o fez quando já estava claro que o líder soviético não pensava da mesma forma e, por isso mesmo, nem se dignou em responder. “Stalin [simplesmente] olhou para mim como se eu fosse um lunático e deu por encerrada a audiência,”[i] escreveu Mikolajczyk.

É certo que nem o Primeiro-Ministro polonês era um lunático, e nem a reação do líder soviético pode ser considerada rude por qualquer um que conheça minimamente a mentalidade revolucionária. E, vale dizer também, é impossível imaginar que ambos esperassem outro resultado que não esse. O desfecho tinha tudo para ser decepcionante para os poloneses; e a oportunidade para ser tratada como um flagrante desperdício de tempo por parte de Stalin.[ii] No entanto, Mikolajczyk, que sabia com quem estava lidando, na qualidade de um patriota e homem íntegro que era ― e, com isso, não estou insinuando que devamos colocá-lo na fila para a canonização; longe disso ―, deu mostras de que não poderia ser intimidado quando o assunto era o futuro de seu país, pois, a Verdade crua ainda é preferível à vã esperança. Sua atitude taimada e um tanto furtiva se devia a isso: Stalin poderia ser dissimulado, mas, eventualmente, as palavras poderiam traí-lo e entregá-lo caso fosse instigado. E, como talvez previsse, o líder soviético acabou confirmando, involuntariamente, suas suspeitas. Tal como seus compatriotas em Varsóvia, que logo reagiriam e tentariam expulsar os alemães antes que os soviéticos chegassem a fim de tentar, com isso, garantir sua independência,[iii] Mikolajczyk sabia que aquela sombra capaz de “escurecer os corações” logo cobriria seu país e que havia pouco ou nada que pudesse fazer a respeito ― “bem no alto, uma grande nuvem negra fluía lentamente rumo ao oeste vinda da Terra Negra, devorando a luz, carregada por um vento de guerra.”[iv] Evidente, não havia condições de reverter o quadro ― em pouco tempo a Polônia seria subjugada e Mikolajczyk terminaria seus dias no exílio pela segunda vez.

Em suas memórias, George Kennan (1904-2005), recordando da visita da comitiva de Mikolajczyk a Moscou, em julho de 1944, escreveu: “eles eram, a meu ver, os representantes condenados de um regime condenado, mas ninguém seria cruel o bastante para dizer-lhes isso.”[v] Meses depois, Joseph Goebbels (1897-1945) escreveria em seu diário: 

Dizem que o Papa [Pio XII] tenciona agir na questão polonesa e tentar media-la. Terá de enfrentar Stalin. E Stalin decidiu — o que é bem compreensível — não negociar mais com ninguém sobre a questão polonesa. E o quanto já impôs essa vontade, pode-se ver pelo fato de que também o ex-ministro polonês no exílio, Mikolajczyk pretende submeter-se ao Kremlin. Sob protesto, é verdade; mas de que valem hoje esses protestos?[vi]

Se observadores externos eram capazes de reconhecer o destino (trágico) dos poloneses ― Kennan, numa série de apontamentos que entregou ao então embaixador americano em Moscou, Averell Harriman (1891-1986),[vii] nessa ocasião, fora incisivo: com sorte, o que o Primeiro-Ministro poderia esperar um posto em um governo dominado pelos homens do Kremlin, que haviam criado um governo provisório em Lublin[viii] ―, e se o próprio Mikolajczyk mostrava-se cético com esse expediente, que relevância teria essa narrativa a ponto de ser evocada aqui? É um episódio menor que não influiu no curso dos acontecimentos. O máximo que se poderia dizer a respeito é que esse encontro apenas enrijecera sua posição ― a de Mikolajczyk, que resistia à ideia e chegaria mesmo a se desentender com Churchill por conta da fronteira polonesa acordada em Teerã, no ano anterior, entre os Três Grandes. Numa conversa que ocorrera pouco depois da primeira reunião com Stalin (marcada por gritos e lágrimas), o Primeiro-Ministro polonês, vendo que não já não podia contar nem com os americanos e nem com ingleses, pediu a Churchill que o ajudasse a chegar à Polônia, saltando de paraquedas, para se juntar a resistência contra os alemães. Este, perplexo, perguntou o que era aquilo, e foi então que ouviu uma resposta que fê-lo desabar: “Prefiro morrer lutando pela independência de meu país a ser enforcado mais tarde [pelos soviéticos] diante do embaixador inglês.”[ix] Churchill, já sem paciência, se retirou, mas pouco depois retornou e tentou confortar Mikolajczyk abraçando-o ― “estávamos a ponto de chorar,”[x] recordou mais tarde o Primeiro-Ministro polonês. Naquele mesmo dia, mais tarde, como registrou Lord Moran em seu diário, Churchill estava com os olhos marejados quando lhe contou o que ocorrera.[xi]

De fato, trata-se de um episódio inócuo do ponto de vista histórico ― um encontro fadado a confirmar um desacordo cuja resolução ninguém imaginava que pudesse existir. Mas o que é interessante aqui é a desproporcionalidade das coisas: a irrelevância histórica se contrasta ante a sua carga simbólica. É preciso que se diga: a previsibilidade com relação ao desfecho desse encontro, ou antes, o ceticismo de seus protagonistas,[xii] não se devia apenas ao poderio ou ao avanço do Exército Vermelho, nem ao caráter ou a personalidade desses homens, mas ao fato de estarem ali na condição de representantes de forças históricas que remontam ao século XVIII. Nele vemos não uma mera divergência de ideias ou concepções políticas, mas algo profundamente enraizado no desenvolvimento histórico da Modernidade, e que se manifesta através de suas reações e atitudes. Nele vemos, de um lado, um homem movido não só pelo desejo sincero de busca da Verdade (afim de não cair no autoengano), mas por sua consciência e seu patriotismo ― “Não sou o tipo de gente cujo patriotismo se esvaiu a ponto de abrir mão de metade do meu país,” esbravejou um irritado Mikolajczyk a um Churchill inteiramente convencido de que ele e Roosevelt haviam salvado a Polônia em Teerã[xiii] ―, e, de outro, um homem desfigurado pela nosos, a doença do espírito de que nos fala Ésquilo (525-455 a.C.) e Platão (427-347 a.C.). Foi esse aspecto (visível e palpável) em cada linha dessa narrativa, o que me instou a começar a discussão a que me proponho fazer colocando-a em primeiro plano.

Admito: há muito eu vinha me digladiando e sendo atormentado por uma série de questões relacionadas à dinâmica e o desenvolvimento dessas forças políticas que atuaram no decurso do século XX. Por anos a fio encarei uma paisagem árida, coalhada de interpretações deturpadas e rasteiras a respeito da História Política recente, todas elas sustentadas por uma historiografia determinada a utilizar tudo àquilo que forma o núcleo das ideologias que se digladiaram na primeira metade do século XX para dizer que eram concepções políticas fundamentalmente diferentes.

Here is no water but only rock

Rock and no water and the sandy road

The road winding above among thc mountains

Which are mountains of rock without water

If there were water we should stop and drink

[Não há água aqui mas apenas pedras

Só pedras sem água e a estrada arenosa

Serpeante no alto por entre as montanhas

Que são montanhas de pedras e sem água

Se houvesse água íamos parar e beber][xiv]

Acossado, vi-me necessitando desesperadamente de refúgio, refúgio esse que fui buscar junto ao pensamento de Eric Voegelin (1901-1985), Isaiah Berlin (1909-1994), Christopher Dawson (1889-1970), Jacob Talmon (1916-1980) e Russell Kirk (1918-1994), após um encontro fugaz que me fez experimentar uma sensação semelhante àquela que Samwise tivera atravessando Mordor rumo ao Monte da Perdição.

A região parecia repleta de ruídos que rangiam, estalavam e eram matreiros, mas não havia som de vozes ou passos. Muito acima dos Ephel Dúath do Oeste [montanhas que formam as divisas de Mordor], o céu noturno ainda era baço e pálido. Ali, espiando por entre os farrapos de nuvens acima de um pico escuro no alto das montanhas, Sam viu uma estrela branca reluzir por alguns instantes. Sua beleza arrebatou-lhe o coração, quando desviou os olhos da terra desolada, e sentiu a esperança retornar. Pois como um raio, nítido e frio, perpassou-lhe o pensamento de que no fim a Sombra era somente uma coisa pequena e passageira: havia luz e elevada beleza para sempre além de seu alcance. (…) Agora, por um momento, seu próprio destino, e mesmo a de seu mestre, deixaram de afligi-lo. Voltou engatinhando para dentro das sarças, deitou-se ao lado de Frodo, e, deixando de lado todos os medos, lançou-se num sono profundo e tranquilo.[xv]

O encontro repentino com o pensamento desses homens marcou o início desse processo que culminou na rejeição categórica dessas interpretações torpes e enviesadas que vicejaram depois que, em 1923, a Internacional Comunista publicou uma análise sintética a respeito do surgimento e da ascensão do fascismo ao poder, na qual ele era considerado como sendo “um fenômeno de decadência característico do nosso tempo, expressão da progressiva dissolução da economia capitalista e da corrupção do Estado burguês.”[xvi]  Como aprendiz nessa guilda, tive a oportunidade não só de alumiar uma série de questões que, de outro modo, teriam permanecido obscuras, ou simplesmente ignoradas por mim, mas também, de enveredar por um caminho que jamais teria trilhado se não fosse pelo estímulo que me fora dado. Continuaria inteiramente alheio ao desenvolvimento desse fenômeno que despontou na passagem do século XVIII para o XIX, sem o qual não temos a mínima chance de compreender o século XX e, sobretudo, essas primeiras décadas do XXI ― a ideologia.

DA RELAÇÃO ENTRE AS IDEOLOGIAS E AS CORRENTES POLÍTICAS

Ecoando Tocqueville ― que, com uma lucidez que lhe é característica, recordou desse fato, o de que “os homens abandonam sua religião, mas só escapam do seu jugo para se submeter ao de outra. A fé muda de objeto, não morre”[xvii] ― Christopher Dawson se dizia convencido de que o embate que se estabelecera na virada do século XVIII para o XIX se dera não entre forças religiosas e antirreligiosas, mas entre aquilo que seriam duas religiões rivais ― de um lado o Cristianismo tradicional, e, de outro, a religião secular.[xviii] Não foram poucos os intérpretes do século XX que, como Dawson, consideravam a mentalidade revolucionária como sendo uma religião secular; a questão é que, historicamente falando, a incompatibilidade entre o Cristianismo e a mentalidade revolucionária parecia algo irrelevante aos olhos de muitos intelectuais e políticos para justificar a sua postura frente à ideologia. Em outras palavras, nem todos recorriam a sua fé (no caso de ter uma) para justificar sua posição antirrevolucionária ― e este é um primeiro ponto que precisamos aclarar.

A ideologia age de forma furtiva subsidiando aquelas forças dispostas a colaborar ou que, eventualmente, possam ter algum interesse em contribuir com seus esforços para conspurcar e vilipendiar o legado civilizacional a fim de abrir caminho para a sua Revolução. Invariavelmente, não importando o quão remotas sejam suas chances, os ideólogos sempre estarão articulados de modo a promover, de um lado, a degradação da moral e dos costumes sobre os quais se assentam uma sociedade; e, de outro, o enfraquecimento de seus adversários suscitando todo tipo de desavença em meio à turbulência política gerada pela pregação do seu evangelho ― é assim que, pulverizando velhas alianças, e derruindo antigas concepções religiosas ou metafísicas, e, acima de tudo, negando a Verdade, conseguem cooptar aqueles que, por sua fraqueza, estão passíveis de servir como esteio para sua ascensão ao poder.

Se os ideólogos agem de forma coordenada, entre as forças antirrevolucionárias subsiste um desacordo que está entranhando na sua forma de pensar e em suas concepções que as impede, a princípio, de agir de forma conjunta: existem aqueles que, de forma reiterada, demonstraram estar intimamente preocupados tanto com seu caráter corruptor quanto desagregador (os conservadores), e aqueles que, reconhecendo a capacidade ímpar dos ideólogos para desestabilizar regimes políticos e sacudir a hierarquia social, notabilizaram-se pelo seu temor com relação ao seu caráter desagregador (liberais e socialdemocratas). Há um ponto de intersecção e uma convergência no mínimo curiosa entre liberais e socialdemocratas ― a sua recusa em conferir ou aceitar a proeminência da moral cristã sobre a vida e a conduta, embora não cheguem ou talvez nem possam a ignorar a validade de seus respingos nas leis e nos costumes ―; e uma concordância óbvia demais até para ser mencionada entre liberais, conservadores e socialdemocratas ― os riscos que os ideólogos representam para a ordem e as instituições. Todas as forças antirrevolucionárias temem aquilo que podemos chamar de caráter desagregador das ideologias, mas somente aqueles que ou são conservadores em política ou exibem uma disposição conservadora preocupam-se primordialmente com o seu caráter corruptor pois, essa é a via mais rápida para o declínio e a ruína ― Roma nada seria sem o seu Mos maiorum [costumes dos antigos]. ‘Moribus antiquis res stat Romana virisque’ ― quem quidem ille versum vel brevitate vel veritate tamquam ex oraculo quodam mihi esse effatus videtur [‘Se Roma existe, é por seus homens e seus hábitos’ ― a brevidade e a verdade deste verso fazem com que seja, para mim, verdadeiro oráculo], escreveu Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.) em seu De Repvblica [Da República]. Nam neque viri, nisi ita morata civitas fuisset, neque mores, nisi hi viri praefuissent, aut fundare aut tam diu tenere potuissent tantam et tam fuse lateque imperantem rem publicam [Sem nossas instituições antigas, sem nossas tradições veneradas, sem nossos singulares heróis, teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tanto tempo, o império de nossa República].[xix] Na verdade, nenhuma sociedade pode ser qualquer coisa se dispensar a experiência precedente, o legado do passado, seus costumes e sua Tradição ― na esteira da corrupção moral e da degeneração dos costumes decorrentes de uma postura displicente relacionada a isso, vem o colapso e a desintegração total  da sociedade política. Foi esse o caso de Roma, como Edward Gibbon (1737-1794) evidenciou em seu History of the Decline and Fall of Roman Empire [História do Declínio e Queda do Império Romano], publicado em 1776, e é isso o que, acima de tudo, inquieta os conservadores. Na sua visão, a turbulência política gerada pela presença da ideologia no cenário político, incitando a Revolução, pode ser contrabalançada ou mesmo refreada quando a moral, a fé e as tradições forem suficientemente fortes e bastante arraigadas para atuarem como o lenho que dá sustentação à sociedade ― da forma como veem, crises políticas sempre irão existir, sempre irão ocorrer, mas a agitação provocada pelos ideólogos, essa pode ser mitigada pela existência de uma força concorrente com raízes profundas cuja função é garantir que o tronco não ceda mesmo que se abatam sobre ele as maiores tormentas. O caminho para a Revolução resta obstruído quando o seu apelo não consegue rivalizar com a estabilidade proporcionada por tudo àquilo que fora conquistado pela ação de gerações sucessivas em seu esforço para garantir o fortalecimento do conjunto da sociedade, e onde a mudança é encarada como sendo não só desejável, mas igualmente necessária. “Todos devemos obedecer à grande lei da mudança,” escreveu Edmund Burke (1729-1797). “É a mais poderosa lei da natureza e, talvez, o meio para a sua preservação.”[xx] Prova disso, de que o apelo revolucionário se torna inócuo onde a estabilidade é garantida graças às intervenções cirúrgicas destinadas ao aprimoramento social, é o desempenho pífio do British Union of Fascist (BUF), de Sir Oswald Mosley (1896-1980), com seus Blackshirts [camisas-negra], ou da Imperial Fascist League de Arnold Leese (1878-1956), na Grã Bretanha.[xxi] O partido de Mosley, em seu apogeu, chegou a 50 mil filiados,[xxii] enquanto o Partido Comunista nunca passou dos 20 mil.[xxiii]

Diante disso, a visão de Dawson torna-se não somente frágil, mas simplesmente insustentável: a ideia de duas religiões se enfrentando não transmite aquilo que cada uma dessas forças históricas representa ― que é uma forma de pensar e agir. O agnosticismo de E.M.Forster (1879-1970) e de Raymond Aron (1905-1983) nunca se conflitou com sua postura antirrevolucionária. Isaiah Berlin era indiferente à religião, ao passo que T.S.Eliot (1888-1965) era um fervoroso anglicano, e, no entanto, ambos eram antirrevolucionários convictos. Por isso mesmo é mais conveniente (e menos arriscado) falarmos em mentalidade revolucionária e disposição antirrevolucionária.

A despeito disso, temos de reconhecê-lo: Dawson estava certo quando disse que os esforços antes direcionados contra o Cristianismo institucionalizado e dogmático (Voltaire, Holbach), agora, com as ideologias, tinham se voltado contra o ethos cristão ― contra a moral e o idealismo humanitário decorrente dele.[xxiv] E aqui é que reside a profundidade da mudança que se operou na passagem do século XVIII para o XIX: a crença de que o homem pode usurpar o lugar do Criador. Partindo de um pequeno número de princípios puramente racionais ― como frisaram Christopher Dawson[xxv] e Isaiah Berlin,[xxvi] ― esses homens imaginaram que todos os males derivados da ignorância e da superstição do homem poderiam ser subjugados. Nesse sentido, ideologia não passa de um fenômeno natural de uma época fatigada, quando a Fé e a Igreja encontravam-se claudicantes. Surgiu num momento em que a Cristandade, tendo perdido a sua unidade, testemunhava a ascensão do dogma do racionalismo que infestava as rodas de conversas nos salões de Madame Pompadour, Madame du Deffand ou Madame Geoffrin, em que os frequentadores podiam iniciar um colóquio dizendo que o cristianismo não passava de uma superstição.[xxvii] Imbuídas desse senso ― a negação da transcendência é um princípio constitutivo desse dogma ―, algumas mentes empedernidas começaram a acalentar a ideia de se podia proceder a um reordenamento radical da obra do Criador. Guarnecidas por essa ambição desmedida, essas mentes foram ficando cada vez mais entesadas, o que fê-las desvirtuar-se por completo para, em seguida, adotar uma conduta que lhe é característica: o desprezo pela Lei Natural.

Por isso mesmo, a ideologia não deve e nem pode ser compreendida apenas como um punhado de ideias concatenadas por um teórico e compartilhada por aqueles que se identificam com ela. Se usarmos como referência aquilo Samuel Huntington expôs num influente ensaio publicado em 1957,[xxviii] teríamos não a denominação de uma força histórica, mas aquilo que poderia chamar de conceito-abrigo ― algo genérico, abrangente, algo que carece uma especificidade. Para ele, uma ideologia seria um “sistema de ideias concernentes à distribuição de valores políticos e sociais aquiescido por um significativo grupo social.”[xxix] Em outras palavras, ideologia seria apenas um termo vago e impreciso para designar aquilo que, de modo conveniente, se queira designar assim. Evidente que isso não se sustenta ― e mesmo Terry Eagleton (esse crítico marxista, atualmente entrincheirado em Oxford) é capaz de admiti-lo: “se não há nada que não seja ideológico, então o termo se invalida por completo (…).”[xxx]

A concepção de Huntignton pode ser demasiadamente dilatada, mas isso não significa que estamos diante de uma libertinagem conceitual. Não é este o caso. Ele teve o cuidado de propor uma gradação, tipificando as três variantes: as ideologias de tipo posicional, inerentes e ideacionais. Mas sejamos francos: não é possível nivelar forças históricas colocando como denominador em comum um traço inócuo para depois tentar graduá-las; é no mínimo forçoso, porque isso significa ignorar o abismo existente entre as correntes políticas (aquilo que Huntington chama de ideologias posicionais e inerentes) e as ideologias (as suas ideologias ideacionais) ― isso lembra a reprimenda de J.R.R. Tolkien (1892-1973), que aparece numa carta datada de 23 de fevereiro de 1961 ao seu editor, dirigida à sugestão feita pelo prefaciador sueco de The Lord of the Rings [O Senhor dos Anéis] de que o seu anel era idêntico ao do ciclo de Richard Wagner (1813-1883): Both rings were round, and there the resemblance ceases [ambos são redondos e a isso se limitam as semelhanças].[xxxi] Na mesma toada, podemos, demonstrando todo nosso descontentamento, lançar uma reprimenda a Huntington e a todos aqueles que insistem nesse nivelamento, sendo enfáticos: de fato, as ideologias e as correntes políticas possuem, cada uma, um corpo de ideias, mas as semelhanças param por aí; no mais o que temos é um abismo tão profundo e insondável que chega a ser surpreendente imaginar que alguém possa tê-lo ignorado.

Cumpre assinalar, a fim de encerrar (ao menos por ora) este assunto, mais esse ponto: o uso indiscriminado do termo ideologia é problemático pelo risco a que nos expomos quando tratamos igualmente essas forças históricas, insinuando que existe apenas uma diferença de entonação, umas mais moderadas, outras mais radicais; ou ainda, que existem ideologias de esquerda e de direita, com seus respectivos extremos. Como lembra Kenneth Minogue, os ideólogos não hesitam em mascarar suas convicções quando atuam em Estados seculares querendo, com isso, se colocar como se fossem meras opções políticas ou partidárias[xxxii] ― quando não o são. Ardilosos, tendem a usar os recursos da Democracia Liberal para legitimar-se e chegar ao poder. Hitler nunca se viu como um ditador  ― como dissera num discurso, em 7 de março de 1936: “Nunca me considerei ditador de meu povo, mas tão somente o seu Führer e, como tal, o seu representante.”[xxxiii]

A fim de evitar essas imprecisões e acabar, com isso, resvalando no conceito-abrigo de Huntington, deixemos que os Analíticos Posteriores do Órganon de Aristóteles[xxxiv] nos inspirem: existe um predicado, uma propriedade que somente a ideologia possui? Certamente ― é fato que as correntes políticas tal como as ideologias ostentam um conjunto de ideias e que arbitram e possuem juízos sobre diferentes temas e assuntos, mas somente a ideologia inibe a consciência.[xxxv] Se a ideologia depende inteiramente do recuo da consciência, então é esse atributo específico, essa capacidade ímpar para desfigurar o indivíduo aquilo que deve defini-la.

É certo que a ideologia possui (como assinalaram Hannah Arendt e Isaiah Berlin),[xxxvi] um caráter determinista, teleológico, e que, invariavelmente, deu forma a um Estado Totalitário quando reuniu condições para alijar as correntes políticas do poder e controlar o Estado. Sim, mas como poderíamos contribuir na sua consecução, se não tivermos, antes, liquidado nossa consciência? Esse é o ponto: antes de tudo, a consciência precisa ser liquidada. Antes de tudo, o indivíduo precisa sucumbir ao apelo da ideologia: crer na sua narrativa teleológica e determinista, porque é isso que fará dele um soldado disposto a morrer pela Revolução ― o Estado Totalitário vem depois. Não existiria um Vladmir Lenin (o nome apareceu pela primeira vez em uma carta todirigida a Grigori Plekhanov, em 1901)[xxxvii] se antes o Vladmir Ilich Ulianov não tivesse dado seu assentimento ao marxismo ― “quando abraçou o marxismo, fê-lo de forma absoluta e incondicional,” escreveu um de seus biógrafos.[xxxviii] Um Joseph Stalin (o nome apareceu pela primeira vez em 1913)[xxxix] não teria existido se, antes, Ióssif Vissariónovitch Djugachvili não tivesse tombado. A troca de nome não é fortuita; era quase imperativo adotar um nome ou alcunha industrial ― ou revolucionário, como queira chamar. Ele é mais do que um nome e mais do que um símbolo; a troca é um sinal claro de que um homem morrera e outro viera à luz. É um processo semelhante àquele anunciado no Evangelho a respeito da morte do homem velho e o nascimento do novo ― deponere vos secundum pristinam conservationem veterem hominem, qui corrumpitur secundum desideria erroris. Renovamini autem spiritu mentis vestrae, et induite novum hominem [(…) despojardes, pelo que diz respeito ao vosso passado, do homem velho, o qual se corrompe pelas paixões enganadoras, para vos renovardes no vosso espírito e nos vossos pensamentos, e vos revestirdes do homem novo (…).] (Ef, 4: 22-24). Mas diferente daquilo que é anunciado nessa passagem por São Paulo aos efésios, o homem novo produzido pela ideologia não apenas nega a transcendência ou relativiza a Lei Natural, ele vai se esvaindo e sendo desfigurado, sendo dissecado até perder todo o discernimento. Qualquer um que cruzar com essa figura disforme ou que por ventura lhe dirija um olhar, verá apenas isso ― the stuffed men [homens empalhados], de que falara T.S.Eliot.[xl]

Tenhamos isso claro: o assentimento à ideologia inibe a consciência e bloqueia o caminho que permite ao homem viver de acordo com a Lei Natural. A acomodação no interior do conglomerado ideológico, em algum nicho, não passa de uma forma de prostituição a que um punhado de indivíduos é capaz de se submeter. Porém, mesmo não passando de um punhado, são esses indivíduos obtusos e desprovidos de todo e qualquer escrúpulo que estarão puxando as correias e acabarão subjugando e intimidando os demais a fim de criar condições para estabelecer o seu Estado Totalitário. No mais, isto é, seus grupos paramilitares, seus seguidores, esses serão doutrinados a fim de se tornarem servos da ideologia e de seus líderes ― como o próprio Hitler dissera, es ist dabei nicht nötig daß jeder einzelne, der für diese Weltanschauung kämpft, vollen Einblick und genaue Kennt-nis in die letzten Ideen und Gedankengänge der Führer der Bewegung erhält  [não é necessário que todo indivíduo que luta por um credo tenha um conhecimento completo e preciso das últimas ideias e pensamentos dos líderes do seu movimento]. Ao contrário. Notwendig ist vielmehr, daß ihm einige wenige, ganz große Gesichtspunkte klargemacht wer-den und die wesentlichen Grundlinien sich ihm unauslösch-lich einbrennen, so daß er von der Notwendigkeit des Sieges seiner Bewegung und ihrer Lehre restlos durchdrungen ist [Muito mais necessário é que se lhe esclareçam alguns pontos de vista e que os princípios essenciais sejam capazes de provocar nele um entusiasmo permanente para que esteja convicto da necessidade da vitória de seu movimento].[xli]

De posse dos recursos do Estado, a monstruosidade, perversidade e insânia de toda essa gente escorrerão como seiva, descendo e contaminando o tecido social, de modo que, aquele indivíduo que se encontra na base, mesmo não compactuando com tudo, termina sorvendo pequenos goles e se desvirtuando. É essa ação corruptora da ideologia que cria os recursos humanos necessários para emplacar o terror, o gulag, a solução final.

Tendo isso em vista, compreende-se porque, com os parcos recursos que dispõe o Estado Liberal secular não pode evitar a ascensão desses homens ocos ― na expressão de T.S.Eliot. Como frisou o historiador Brad Gregory, esse Estado, justamente por ter sido concebido para garantir direitos e as liberdades individuais, não tem vocação para prescrever “aquilo que os cidadãos devem crer ou como deveriam viver, e nem com o que deveriam se importar.”[xlii] Quer dizer: esse Estado não está apenas impossibilitado de prescrever o que quer que seja, mas precisa ainda se abster (porque do contrário trairia o seu ideal) de proteger os mananciais daqueles valores e crenças que conferem estabilidade e coesão social, e do qual espera a adesão voluntária da maior parte das pessoas. Uma sociedade tutelada por tal Estado vê surgir um vazio em seu seio, um fosso aonde todos os seus pertences, tudo aquilo que foi legado pelas gerações que antecederam a esse Estado secular, vão se despenhando. Como nele o transcendente é negligenciado, e a ênfase recai sobre a sua exterioridade, sobre o seu desenvolvimento e progresso, sobre os graus de eficiência com que tudo é executado, o indivíduo vê-se compelido a buscar algo capaz de dotar sua existência de algum sentido. É assim que as ideologias se precipitam, exibindo sua força redentora que vem para preencher o vazio existencial e serenar o espírito daqueles que se sentem vulneráveis. A ideologia, que surgiu sob os auspícios daquele espírito racionalista do século XVIII, que vinha acompanhado de sua promessa de recriar a natureza humana e manipular a Criação, no século XX, veio a se tornar um atrativo capaz de congregar os homens e preencher o vazio criado pela secularização, encarnada por esse Estado ― que não consegue e nem pode se contrapor a ela sem trair seus ideais, sendo esta a questão mais complexa relacionada à sua sobrevivência.

A flagrante inoperância e paralisia do Estado Liberal nas décadas de 1920 e 1930 deixaram-no exposto; havia uma quase unanimidade quanto à sua debilidade e ineficiência ― os ideólogos achavam-no insosso e queriam substituí-lo pelo seu Estado Totalitário; entre as correntes políticas pairava o mais completo assombro, um desconcerto por ter que, de um lado suportar o assédio das ideologias, e, de outro, a sua própria indecisão quanto ao que fazer ou como reagir, porque, para evitar a ascensão dos ideólogos, os defensores desse modelo teriam quase que necessariamente agir contra seus princípios, traí-los, aniquilando a Democracia Liberal. É um erro crasso acreditar que os ideólogos por se apresentarem espontaneamente, estão dispostos a uma acomodação que lhes permita participar da disputa política convencional. Não estão, e o emprego de categorias rasas como esquerda e direita para definir todo o espectro político, incluindo as ideologias ― quando dissemos, por exemplo, que o nacional-socialismo era de direita e o marxismo-leninismo de esquerda ― os favorece, pois dá margem para que essas ideologias consigam, de fato, se passarem pelo que não são.

Essa “tolerância” para com as ideologias, que não é tolerância de modo algum, mas um misto de permissividade com ilusão, é resultado do caráter relativista com que o Estado secular se constitui e de que se vale para existir. Portanto, enquanto não houver uma conscientização a respeito dessas questões, tanto do caráter nocivo da ideologia quanto dessa postura insípida desse Estado, continuaremos a ser assediados. Como aquele portentoso aríete forjado “nas escuras oficinas de Mordor,” que ostentava uma “cabeça hedionda, fundida em aço negro, à semelhança de um lobo voraz,” e que fora usado por Sauron na Guerra do Anel contra Minas Tiritih, cujo Portão, mesmo sendo muito forte, “feito [todo] de aço e ferro e protegido por torres e bastiões de pedra indômita,” não resistira ao seu assédio,[xliii] a ideologia rompeu as defesas de um Ocidente visivelmente prostrado. Minas Tiritih está prestes a sucumbir.


[i] MIKOLAJCZYK, Stanislaw. La Violación de Polonia: modelo de agresión soviética. Barcelona: Editorial Científico-Médica, 1950, p.119.

[ii]  Em suas memórias, George Kennan se recorda de ter dito ao embaixador americano em Moscou, Averell Harriman, ser significativo o fato de que a iniciativa desse encontro partira dos ingleses, não dos soviéticos; e que isso era um indicativo de que Stalin não tinha qualquer interesse nesse encontro e nem planejava obter algo na ocasião. KENNAN, George. Memórias: 1925-1950. Rio de Janeiro: TopBooks, 2014, p.174-195.

[iii]  DAVIES, Norman. O Levante de 1944: A Batalha de Varsóvia. Rio de Janeiro: Record, 2006.

[iv] TOLKIEN, J.R.R.. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2020, p.1168-1169.

[v]  KENNAN, George. Memórias: 1925-1950. Rio de Janeiro: TopBooks, 2014, p.176.

[vi] Como em outras ocasiões, a edição brasileira foi cotejada com a tradução americana. GOEBBELS, Joseph. The Gobbels Diaries: The Last Days. London: Pan Books, 1979, p.100. GOEBBELS, Joseph. Diário. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978, p.91.

[vii] HARRIMAN, William Averell; ABEL, Elie. Special Envoy to Churchill and Stalin: 1941-1946.  New York: Random House, 1975, p. 332-339.

[viii]  KENNAN, George. Memórias: 1925-1950. Rio de Janeiro: TopBooks, 2014, p.175.

[ix] MIKOLAJCZYK, Stanislaw. La Violación de Polonia: modelo de agresión soviética. Barcelona: Editorial Científico-Médica, 1950, p.118.

[x] MIKOLAJCZYK, Stanislaw. La Violación de Polonia: modelo de agresión soviética. Barcelona: Editorial Científico-Médica, 1950, p.118.

[xi] WILSON, Charles. Churchill taken from the diaries of Lord Moran. Boston: Houghton Mifflin 1966, p.215.

[xii] DAVIES, Norman. O Levante de 1944: A Batalha de Varsóvia. Rio de Janeiro: Record, 2006, p.326-329.

[xiii] MIKOLAJCZYK, Stanislaw. La Violación de Polonia: modelo de agresión soviética. Barcelona: Editorial Científico-Médica, 1950, p.116.

[xiv] ELIOT, T.S.. A Terra Devastada. Lisboa: Relógio D’Água, 1999, p.44-45.

[xv] A citação segue, basicamente, a nova tradução, mas levando em conta alguns aspectos da anterior. TOLKIEN, J.R.R.. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2020, p.1321. TOLKIEN, J.R.R.. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. São Paulo: Martins Fontes, 2015, p.260.

[xvi]  DE FELICE, Renzo. Il Fascismo: Le interpretazioni dei contemporanei e degli storici. Roma: Laterza, 1970, p.63-67.

[xvii] TOCQUIVELLE, Alexis de. Da Democracia na América. Vol. I. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p.352.

[xviii]  DAWSON, Christopher. O Julgamento das Nações. São Paulo: É Realizações, 2018, p.89.

[xix] Foram utilizadas as seguintes edições: CICERO, Da Republica. IN: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985, p.175. CICERONIS, Marco Tulli. De Re Pvblica, De Legibvs, Cato Maior, De Senectvte, Laelivs de Amicitia. Oxford: Oxford University Press, 2006, p.127.

[xx] BURKE, Edmund. Writings & Speeches of Edmund Burke. Vol. 4.  Boston: Little Brown, 1901, p. 301.

[xxi] LINEHAN, Thomas. British Fascism, 1918-39: Parties, Ideology and Culture.  Manchester: Manchester University Press, 2006. THURLOW, Richard.  Fascism in Britain: A History: 1918−1998. London: I.B.Tauris, 1998.

[xxii]  PAXTON, Robert. A Anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz & Terra, 2007, p. 131.

[xxiii] PELLING, H.M. The British Communist Party. London, 1958, p.27 e 62-63. TAYLOR, A.J.P. Historia de Inglaterra: 1914-1945. Ciudad do Mexico: Fondo de Cultura Economica, 1989, p.169.

[xxiv] DAWSON, Christopher. O Julgamento das Nações. São Paulo: É Realizações, 2018, p.92.

[xxv] DAWSON, Christopher. Progresso e Religião. São Paulo: É Realizações, 2018, p.141.

[xxvi] BERLIN, Isaiah. Limites da Utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p.69.

[xxvii]  DAWSON, Christopher. Os Deuses da Revolução. São Paulo: É Realizações, 2018, p.177.

[xxviii] HUNTINGTON, Samuel. Conservatism as an Ideology IN: The American Political Science Review, 51, n.2, p.454, 1957.

[xxix] HUNTINGTON, Samuel. Conservatism as an Ideology IN: The American Political Science Review, 51, n.2, p.454, 1957, p.454.

[xxx] EAGLETON, Terry. O que é ideologia? São Paulo: Boimtempo, 2019, p.25.

[xxxi] TOLKIEN, J.R.R. As Cartas de J.R.R.Tolkien. Curitiba: Arte & Letra, 2010, p.292.

[xxxii] MINOGUE, Kenneth. Política: o essencial. Lisboa: Gradiva, 1996, p.124.

[xxxiii] HITLER, Adolf.  Hitler: Speeches and Proclamations:1932-1945. Wauconda: Bolchazy-Carducci Publishers, 1990, p.778.

[xxxiv] ARISTÓTELES. Óragnon. Vol. IV. Lisboa: Guimarães, 1987.

[xxxv] ARISTÓTELES. Óragnon. Vol. IV. Lisboa: Guimarães, 1987.

[xxxvi] BERLIN, Isaiah. Limites da Utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. BERLIN, Isaiah. Ideias Políticas na Era Romântica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

[xxxvii] VOLKOGONOV, Dmitri. Lenine: Uma nova biografia. Lisboa: Edições 70, 2008, p.34.

[xxxviii] VOLKOGONOV, Dmitri. Lenine: Uma nova biografia. Lisboa: Edições 70, 2008, p.56.

[xxxix] MONTEFIORE, Simon Sebag. Stalin: A Corte do Czar Vermelho. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p.54.

[xl] ELIOT, T.S.. Collected Poems. New York: Harcourt Brace, 1963, p.79. T.S.Eliot. Poemas: 1910-1930. São Paulo: Massao Ohno, 1985, p.63.

[xli] Foram consultadas as seguintes edições: HITLER, Adolf. My Struggle. München: Zentralverlag der NSDAP. Franz Eher Nachf, 1940, p.490. HITLER, Adolf. My Struggle. New York: Stackpole Sons Publishers, 1939, p. 441-442. HITLER, Adolf. Mein Kampf.  München: Zentralverlag der NSDAP. Franz Eher Nachf, 1936, p.508.

[xlii] GREGORY, Brad. The Unintended Reformation.Cambridge: Belknap Press, 2012, p.375-376.

[xliii] As duas traduções brasileiras foram cotejadas com a britânica e, em uns poucos pontos, refeita. TOLKIEN, J.R.R.. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2020, p.1196-1197.

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