Especismo Histórico

Especismo Histórico

Existe uma ansiedade na natureza humana que mostra toda a carga moral das relações sociais: o desejo inescapável de fazer história para ficar na história. Algo que não ocorre com animais inferiores, haja vista que com seus singelos e sábios, por vezes até mesmo “prudentes”, instintos de sobrevivência, as suas ligações com aquilo que chamamos de história são no máximo um mero registro para humanos. Claro que para a cadeia evolutiva a repetição de atos que tendem a obter bons resultados é um aspecto central para a manutenção da espécie. Por mais que a história, como um conceito interpretativo complexo, não habite na mente de um animal inferior, os registros mecânicos de reprodução e manutenção da vida são centrais para seu desenvolvimento. É a sua forma de história: irracional, instintiva e amoral.

A noção de posteridade não invade a mente de um cavalo, porco, tigre ou até mesmo de um cão. Por mais que existam instintos conflitantes entre vontades imediatas e perspectivas temporais mais duradouras, a tomada de decisão ou a escolha que um animal inferior faz sempre está no nível dos instintos. No caso de uma cadela é possível que exista uma dúvida comum que ocorre quando ela tem seus filhotes e eles dependem diretamente de seus cuidados: sair para alimentar-se e abandonar o “ninho”, ou reservar-se, mesmo que isso signifique alguma privação de alimentos? Não à toa, na maior parte dos casos, mesmo com todos os cuidados domésticos, a prole acaba sugando mais da mãe do que a alimentação ingerida por ela, o que gera algum emagrecimento. Na natureza selvagem, essa é uma realidade muito mais comum. Como Darwin bem assinalou em The descent of Man, o instinto que prevalece diante de dilemas de sobrevivência, via de regra é aquele recepcionado pela seleção natural, qual seja, aquele que pode fixar mais descendentes na Terra.

Mesmo que existam exceções ao que foi dito, essa é a tendência instintiva animal. E pelo menos deveria abarcar todo o reino animal. Todavia, a suposta capacidade “reflexiva” humana pode ser uma das responsáveis pela negação das inclinações que tendem a preservar os indivíduos. Entre a verve raivosa que nutre o egoísmo para atender vontades individuais e o instinto gregário que busca associação para manutenção de uma dada comunidade, os seres humanos têm a possibilidade de exercer a reflexão crítica e optar por um destes caminhos. E inclusive para julgar as escolhas feitas em atos pretéritos. Ao estabelecer uma espécie de juízo moral sobre algumas ações movidas por instintos, há a possibilidade de categorizar as ações e omissões verificando em que medida contribuíram ou não para o florescimento humano. Por mais que a história não possa (nem deva) ser apagada, ela pode servir como um firme divisor que baliza o que é bom ou ruim para os seres humanos. A perda desse adequado escrutínio da razão, rebaixa os instintos humanos para uma condição muito pior do que qualquer ser irracional. Assim, por consequência, toda a espécie humana é aviltada.

Enquanto humanos, nossa condição estabelece o imperativo da reflexão. A ausência de capacidade crítica ou o abandono dessa condição racional gera a desordem dos instintos. Nesse império de vontades levianas, já mediadas pela linguagem complexa desenvolvida, algo que não ocorre entre os animais inferiores, os indivíduos passam a agir de forma irrefletida e são afetados pelos meios de “reflexão”, que são pródigos na produção de estímulos e categorizações sociais fáceis de serem digeridas por aqueles que se esquecerem da racionalidade. Esse talvez seja um dos motivos pelos quais os instintos humanos são piores que os dos restantes animais. Afetados pelas vontades do prazer imediato e oxigenados por ideologias que atendem a desejos coléricos, o que sobra é uma carcaça móvel com espírito destrutivo. Diante do impulso vaidoso de marcar seu nome na história, os indivíduos não medem esforços para causar espanto por meio do ódio social.

Entre o desejo e a razoabilidade existe uma linha firme que separa os imprudentes dos ponderados: a racionalidade. A mesma razão que, entre altos e baixos, foi abundante ao longo da história para que atingíssemos o nível de civilidade que ainda lutamos para manter, hoje se mostra frágil, parca e de difícil utilização entre jovens e adultos que ainda não abandonaram a adolescência.

E isso não guarda relação alguma com o nível de instrução. Já vi um Doutor em Filosofia, produto de uma daquelas indefectíveis universidades brasileiras, com extremo conhecimento no pensamento clássico de Aristóteles, declarar nas redes sociais que era favorável às manifestações ocorridas no Chile no final de 2019 e que elas deveriam ser reproduzidas no Brasil. Aquelas revoltas populares que seguem sempre a mesma máxima mundial cínica de que “começam pacíficas” e sempre “terminam em destruição”, e que reúnem “antifas” (bem fascistas), black blocs, esquerdistas e toda desordem de anarquistas. As mesmas que vandalizaram Igrejas, incendiaram universidades, destruíram patrimônios públicos e privados e promoveram toda a barbárie possível e imaginável nas ruas daquele país. Qual o grau de racionalidade de alguém que acha aquele terrorismo juvenil maravilhoso? Como um Doutor glorifica a destruição? Ainda fico em dúvida se aquela baderna promove um florescimento humano ou se Aristóteles é um mero charme intelectual para satisfação dos instintos egocêntricos, afinal, se a ética das virtudes implica na prática reiterada de boas ações para que o indivíduo seja virtuoso, o Doutor ainda tem muito a praticar.

O que foi dito é muito próximo do apoio “moral” que a intelectualidade prestou nas últimas manifestações que ocorreram no Brasil e ao redor do mundo. Seja contra Bolsonaro ou em razão da morte de George Floyd, sempre há uma razão que legitima a devastação. Para o típico revolucionário contemporâneo, há uma perfeita simetria entre progresso e destruição. Quanto mais estridente e emocional for a sua luta para o progresso, maior será a destruição.

O bárbaro contemporâneo, aquele que está intramuros, como diria Mario Ferreira dos Santos, é a negação da plena potencialidade humana. É o avesso da evolução. Este indivíduo que rejeita a natureza humana e sequer reflete sobre uma ética das virtudes, é a típica representação do ser humano controlado por paixões que perturbam a mente: em uma mão está um smartphone de última geração, ao passo que na outra está uma pedra de primeira geração. Entre a rápida troca de mensagens que não compartilha conhecimento e a velocidade de um arremesso que quebra uma vidraça, há a fusão da estupidez moral.

Como para estes utópicos não é suficiente uma manifestação pacífica, resta-lhes a aniquilação de instituições que representam os poderes “opressores” contemporâneos. Também pudera, nem mesmo crianças, minimamente instruídas, acreditariam que aqueles grupos lutam pela manutenção da democracia ou igualdade racial. Seu único desejo é o de instrumentalizar grupos que possam alimentar a agenda política que busca minar a ordem estabelecida. E, como a depredação intelectual também não é suficiente, sempre sobra para algum prédio histórico, monumento ou estátua. A moda agora é destruir personalidades que ajudaram a formar a tradição Ocidental.

O ponto aqui nem é analisar a biografia daqueles que estavam razoavelmente imortalizados em alguma estátua. Não seria justo olhar a história com as lentes do presente para julgar os erros que cometeram. Obviamente que os revolucionários não compreendem isso, pois lutam por um mundo asséptico e de seres humanos perfeitos. Sem entender minimamente os giros da história, desconhecem que amanhã serão eles os alvos de outros revolucionários. Mas isso é outra história. O fato é que, diante daqueles que tiveram seu corpo reproduzido em algum material rígido e frio para que se preste alguma reverência, a balança da vida é a grande encarregada de verificar se entre prós e contras, deve-se o devido respeito a alguém.

Esquerdistas, progressistas, “antifas”, black blocs, comunistas, socialistas e anarquistas não sabem disso. Ou fingem que não sabem nesses momentos de sublevação das massas. Mesmo que a ideia quixotesca de lutar contra estátuas não seja uma novidade, até porque símbolos e personalidades sempre retratam feitos de uma época, a destruição do passado não apaga o passado. Enquanto as narrativas são um traço comum em ideologias coletivistas, a história não é uma peça literária sujeita às vontades de um grupo.

Edward Colston, um dos homens mais ricos da Inglaterra de seu tempo, teve sua estátua derrubada e atirada no rio Avon. Apesar de ter feito sua fortuna por meio do tráfico de escravos africanos para a América, sendo acionista da Royal African Company (RAC), ele foi um grande filantropo auxiliando escolas, hospitais e igrejas, principalmente em Bristol. Acredita-se que ele tenha vendido mais de 100 mil escravos entre 1672 e 1689. Para os manifestantes, o que interessa é a parte ruim, independentemente dos valores daquela época e do contexto de tais atrozes circunstâncias. Talvez, para purificar ainda mais a alma dos revolucionários, fosse interessante que o dinheiro de Colston, corrigido monetariamente e acrescido de juros, saísse dos cofres estatais e retornasse aos herdeiros de quem deveria ser ressarcido, algo que talvez fizesse grande falta ao famoso Estado de Bem-Estar social britânico que tanto auxilia desocupados.

Aliás, um dos mais importantes filósofos liberais e que defendeu ardorosamente a liberdade como um direito natural humano foi John Locke, investidor e acionista da RAC. Ora, será que é possível julgar o passado sem o contexto do passado? A simples destruição de um símbolo conseguirá colocar uma pá de cal na realidade contemporânea? Se Locke foi acionista da RAC, não seria justo queimar seus livros e expurgar o liberalismo político da atualidade? Ainda sobre Colston, o prefeito de Bristol, Marvin Rees, em entrevista para o The Guardian disse que não pode “tolerar danos criminais” enfatizando que necessita de ordem na cidade, apesar de afirmar que aquela estátua o afrontava, o que fez com que classificasse o ato como um “pedaço de poesia histórica”. E acrescentou: “Isso não foi violência estúpida. […] Havia significado e propósito”. Ora, em nome da causa, qualquer coisa serve.

Próximo dali, em Londres, Winston Churchill, famoso político britânico, que foi uma das representações do sucesso bélico contra o nazismo na II Guerra Mundial, foi vandalizado por “antifas”. Talvez isso seja um pedaço de comédia, mas o fato é que sua estátua foi pichada com “was a racist” (algo como “era racista”). Longe de qualquer defesa sobre frases e colocações desse político que remeteriam a algum entendimento racista, gostaria de saber se algum destes revolucionários pós-modernos teria a mesma atitude destruidora para com estátuas de Karl Marx, Friedrich Engels ou de Ernesto “Che” Guevara, que deixaram escritos com teor racista em suas produções “intelectuais”. Para falar só do argentino, em seu cinematográfico livro “Diários de motocicleta”, de 1952, ele afirmou categoricamente que “o negro é indolente, preguiçoso e gasta seu dinheiro com frivolidades, enquanto o europeu é progressista, organizado e inteligente”. Ou isso tudo seria abrandado para que as “vacas sagradas” não fossem para o matadouro?

Já nos Estados Unidos da América (EUA), o grande alvo é Cristóvão Colombo. E não é de hoje a tentativa de eliminação de qualquer traço que remeta a este explorador dos mares. No início de 2019, John Jenkins, presidente da universidade de Notre Dame, uma das mais renomadas nos EUA, decretou que qualquer pintura de Colombo deveria ser coberta porque algumas pessoas se sentiam ofendidas pelas consequências que a viagem da Descoberta da América trouxe para os povos indígenas. Sua determinação surgiu em razão de uma carta assinada por estudantes, ex-alunos e empregados, no ano de 2017, no qual eles defenderam a remoção das pinturas que estavam expostas naquela instituição desde 1884. Em um documento, Jenkins disse que a chegada do explorador só trouxe “catástrofe”, evidenciada na “exploração, expropriação de terras, repressão de culturas vibrantes, escravidão e novas doenças, causando epidemias que mataram milhões”. Excluindo as novas doenças, a história já mostrou como a lista de males de Colombo já estavam presentes nas Américas há muito tempo. Mas Jenkins, estimulado ideologicamente pela repressão revisionista, progressista e politicamente correta, afirmou indiretamente que Colombo foi o representante do Satanás que destruiu as muralhas do Paraíso. No fundo, o representante máximo de Notre Dame tentou dar alguma utilidade prática ao mito do bom selvagem de Rousseau, esquecendo-se do quão selvagem eram os nativos da América.

Não é preciso ser algum gênio para compreender que o julgamento da história com lentes contemporâneas é de uma deficiência intelectual terrível, afinal, existem valores distintos que movem sociedades inteiras para determinadas práticas que hoje podem ser vistas como absurdas. Ao mesmo tempo, isso não significa uma tolerância com erros, atrocidades ou com males causados, muito menos a relativização da moralidade. Na verdade, é uma tentativa de reserva histórica que busca compreender o tempo, o lugar, os valores e como os homens e mulheres lidaram com tais questões para que possam ser emitidos juízos de valor adequados às respectivas épocas.

Mas nada disso é perceptível para uma geração sedenta por destruição. Oliver Ojeda, um estudante de doutorado de Notre Dame, declarou ao jornal estudantil que mesmo que a ideia de cobrir as pinturas merecesse aplausos, seria mais ético “removê-las completamente ou pintá-las”. Sim! Pintar sobre quadros clássicos e que representam uma época. Pintar em cima da história. Não existe ideia melhor para quem só sabe demolir a tradição. Talvez uma ótima sugestão seria fazer algum grafite pós-moderno com rappers que mostrem bem a thug life. Seria bem libertador. Após alguns debates, foi anunciado que o ato de cobrir as pinturas foi postergado para 2022.

Na Argentina, em 2013, sob o reinado absolutista (digo, governo) de Cristina Kirchner, Colombo sucumbiu. Uma estátua de grande magnitude, presente de italianos entregue no ano de 1921, foi removida do pátio da Casa Rosada, sede do governo. O motivo? Substituí-la por uma estátua da boliviana Juana Azurduy, combatente que lutou contra o exército espanhol no século XIX. E Cristina foi rápida: trocou o nome do Salão Colombo, da Casa Rosada, para Salão dos Povos Originários. O curioso é que a estátua de Azurduy foi instalada em frente ao Centro Cultural Kirchner, um sobrenome que, em razão da destruição provocada na economia e democracia argentina pode dar lugar a outro em um futuro não tão distante da mesma forma que Cristina fez com Colombo.

Portanto, quando a estátua do navegador foi decapitada em Boston, como um ato simbólico de vingança a favor das minorias étnicas, ou quando, em Richmond, ela foi derrubada, enrolada em uma bandeira, queimada e depois jogada em um lago, não existe novidade alguma nisso. Pichar Colombo também faz parte do “festival” revolucionário norte-americano, como em Houston e Miami, que instrumentaliza o nome de George Floyd para fazer o que sempre quis: derrubar, decapitar e incinerar a história. Em São Francisco, a Comissão de Artes (nome sugestivo) da cidade decidiu remover uma estátua de Colombo, sempre alvo de pichações, devido ao alegado impacto mortal que sua chegada teve às populações indígenas. Aliás, como os revolucionários também odeiam o cristianismo, sugiro que pleiteiem a alteração do nome da cidade de São Francisco…

Em terras portuguesas, a estátua do Padre António Vieira foi vandalizada com a palavra “descoloniza”. Os terroristas juvenis “esqueceram-se” que António Vieira foi um ácido crítico da brutalidade acometida contra indígenas e negros no Brasil e um vívido defensor da igualdade e da dignidade entre os seres humanos. Mas aí seria pedir demais a quem está a serviço de uma ideologia. Sem esquecer que há pouco tempo foi encerrada uma petição pública online, direcionada a Assembleia da República, que exigia a demolição da Torre de Belém e do Monumento aos Descobrimentos, ambos localizados em Lisboa, por serem “símbolos alusivos ao racismo colonial”.

Na onda desse movimento, aqui no Brasil não foram poucos “ativistas” digitais, em redes sociais, que comentaram sobre a situação das estátuas com um tom tupiniquim. Uma dessas revolucionárias sugeriu “um mergulho no mar de Copacabana” para a estátua da Princesa Isabel; outros direcionaram sua ira contra as representações de Dom Pedro I e Dom Pedro II; e sobrou ainda para Duque de Caxias. Sempre em nome de uma assepsia histórica. Sempre em nome do bem. Sempre por uma boa causa.

Creio que outros nomes poderiam entrar na lista. Para citar um exemplo, Bento Gonçalves da Silva, um dos líderes da Revolução Farroupilha, quando faleceu, deixou 53 escravos aos seus herdeiros. Imponente e localizada em Porto Alegre, a estátua em sua homenagem poderia ser destruída como um símbolo desta nova era de higienização do passado. E ainda poderiam aproveitar para mudar o nome do município de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

Se o especismo, conceito difundido pelo filósofo Peter Singer, equivale a uma discriminação contra outros animais apenas por pertencerem a uma espécie distinta, na histórica luta por perpetuar descendentes na Terra, os instintivos revolucionários contemporâneos desejam estabelecer um especismo histórico contra outras “espécies” de seres humanos que são “indignos” de qualquer homenagem. Mesmo que o resultado das ações destes “indignos”, nem sempre louváveis, muito menos perfeitos, tenham construído a civilização tal qual a sociedade conhece. Ainda, se a racionalidade é um traço humano que permite a análise dos atos do passado com vistas a julgamentos morais que evitem os erros cometidos, a ausência da razão é uma característica dos delinquentes históricos que estabelecem julgamentos morais sem a correta análise do passado. Desprovidos de razão, seja no sentido das capacidades reflexivas mínimas, seja no que diz respeito a argumentos razoáveis, o que resta a esses terroristas ideológicos é a sublevação violenta que extermina passado, presente e futuro.

O biólogo Charles Darwin declarou que “na longa história da humanidade (e dos animais também) aqueles que aprenderam a colaborar e a improvisar com mais eficácia, prevaleceram”. O recado é simples e direto. Menos complexo e desgastante do que vandalizar algum monumento: sem colaboração pereceremos. Mas como colaborar, dialogar ou estabelecer laços razoáveis com aqueles que desejam a destruição da civilização? Alguns ainda dirão (equivocadamente) que Darwin não serve para essa reflexão, afinal, era um maldito de um racista. Assim, terão mais uma estátua para destruir…

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João L. Roschildt

João L. Roschildt

Professor do curso de Direito do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp). Além de articulista e ensaísta, é autor de “A grama era verde”. Site: www.joaoroschildt.com.br

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