De Lamarca à Zé Dirceu

“Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”. Por mais paradoxal que isto pareça ao leitor, os materialistas históricos e ateus, os revolucionários, são – ao menos em minha visão (que pretendo vindicar) –, e desde sua roupagem mais imatura o foram, os maiores devotos e “praticantes” deste recorte do Eclesiastes. Sabem eles a correlação entre plantar discursos cuja morte é o tema central, e a vitimização como segundo componente que se submete na medida que se compara com a submissão do corpo à cabeça, sem o qual mesma não existiria. Esperançosos e certos de que se arrancará os frutos maduros do plantado décadas atrás. 

Os defuntos e os vultos que perambulam na mídia como beatos ou santos, desde os terroristas à Marielle (os primeiros – guerrilheiros – são enredados para gradativamente sujar a reputação das Forças Armadas, enquanto a segunda é uma bela oportunidade para respingar mais suspeitas infundadas em relação ao Presidente da República). 

Veja, leitor, como a tradição esquerdista não muda. O ritual de santidade esquerdista no Brasil, analisado aqui sob especifico aspecto, explica-nos, pelo menos, os últimos 40 anos da realidade nacional. De Lamarca ao Mensalão, De Marighella à Zé Dirceu, a mudança interna de todas as biografias conserva o constante embelezamento de atitudes horrendas e vitimização, mediante suposição de que enfrentaram um regime de torturadores cruéis. (E, perdoe-me leitor, por mais que não seja a biografia que me serve de base para este artigo, veja a correspondência com o “caso Marielle”, ou melhor, o caso de uma preta, pobre, vítima de um regime fascista). 

Se não nos é estranho que um ex-guerrilheiro, agente cubano, tenha-se tornado presidente de um partido que possuiu o Brasil e fez dele um financiador de genocídios, bem como um Ministro, é porque o plantio esquerdista deu certo. Os anos 60-70 (o prelúdio), para alguns não podem acabar, por ser o período dos mártires; ora, só há ressureição se há morte. 

Todo esse ritual de santidade não aconteceria senão pela mídia, que se tornou desde então um chocalho de palavras, gargarejando palavras como “tortura”, “traidores”, “defensores da democracia”, quando refere-se a figuras como Carlos Lamarca. Se o plantio é o que transforma a realidade, é antes de mais nada, necessário transformar a semente do passado. Esta receita foi seguida, passo a passo. 

O Brasil desmente a ideia de que a história é contada pelos vencedores, deixando claro, que, na maioria das vezes ela é contada pelos envergonhados e covardes que precisam encobrir seus crimes e por isso, modificar o passado para que se algum dos crimes for trazido à vista, tenha, de antemão a justificativa que, o vitimizando, apaziguará tudo. Congelar o discurso em um só ano (1968) é não se predispor a derreter a capacidade discursiva ao passar do tempo porque o líquido mostrará o criador do estado de coisas presente. 

O líquido mostrará a colheita, e como ainda diz a Escritura, pelos frutos conhecereis.  

Quando, dialogando com um terrorista mais aceitável, versão 2020, com carimbo legal do STF, que antes era chamado de conservador, mas que ainda chamo de avô, perguntei sobre o período, bem como perguntei sobre figuras como Carlos Lamarca, Marighella, Pedro Lobo, Dirceu e outros, disse-me ele: “Ah! então você quer falar daqueles caras que mata gente”. Portanto, a não ser que a morte santifique imediatamente uma pessoa, não é aceitável que desprezemos, por exemplo, o fato assombroso do sujeito que foi morto por Carlos Lamarca, quando se encontrava amarrado, talvez não esperando morrer com sucessivas coronhadas que lhe esmiuçaram o crânio. 

Não digo que a morte santifique e apague os pecados de alguém – isto nos levaria a uma discussão teológica que não nos convém agora, ao menos – mas há duas entidades que o fazem: o poder judiciário, e a supracitada “mídia”. Anos atrás, quando César Teles e Maria Amélia moveram um processo de indenização contra Carlos Brilhante Ustra, não precisávamos de mais evidências de que mantar acessa a chama da “ditadura militar” era aproveitar brechas.

Brechas que rendem dinheiro, lucros publicitários, além do barulho ensurdecedor que se faz em torno disto. O processo era mais um pretexto – só que com carimbo legal retocado – para eternizar os prêmios da autovitimização de assassinos. E a mídia, que deveria abrir-se para dar voz aos dois lados, só sabe fazer se for para realçar os interesses de um, enaltecendo-o; e desprezar o outro, humilhando-o, dando-lhe, além disso, a indiferença e o esquecimento. 

Desafio o leitor a comparar, proporcionalmente, o número de matérias jornalísticas discursando (quando não elogiando) sobre a morte de Carlos Lamarca ou Marighella, e a quantidade ínfima de letras concedidas ao sujeito que teve o crânio esmigalhado. Aliás, facilitar-lhe-ei a vida, amigo leitor, dizendo que Lamarca foi proclamado como herói e, post mortem elevado foi ao posto de coronel. Para a vítima que ele horrendamente contabilizou, um túmulo fuleiro é boa medida. Nada mais. 

Ainda mais: em 200, no Congresso de Ex-Presos e Perseguidos Políticos, Marlon Weichert, o promotor, proclamava a “construção da verdade, através da abertura dos arquivos”. Mas o melhor seria corrigi-lo, e reformular a frase: “destruir a verdade, através da abertura de alguns arquivos e manter disfarçado os outros”.

Seria mera fatalidade o acontecido que encerrou o evento: homenagens disparadas a Pedro Lobo e Carlos Lamarca? Não é passível de susto, mas por que não homenagearam as vítimas de terrorismo e seus familiares? E não seria justo equiparar as indenizações, seja aumentando as destinadas para as vítimas do rolo compressor comunista (equiparando a quantia envergonhada à orgia que os ‘defensores da democracia’ e seus familiares receberam), ou diminuindo… esqueça! Está hipótese é inaceitável, não se pode diminuir o que recebeu merecidamente um assassino. A primeira opção permanece, mesmo sendo a inexistente. 

Também não seria válido integrar as vítimas em algum ministério? Ou – qual seria o empecilho? – nomeá-la como Presidente(a) da República?  Convenhamos, leitor, num país cujo patrono da Educação endossa genocidas; onde terroristas são pagos e ganham prêmios; país em que a pedofilia é relativizada, e Carlos Lamarca é tido como herói. Che é visto como um sinônimo de amor, onde invasores de terra são heróis e o proprietário que a defende um terrorista… ter um ex-presidente estuprador de cabritas e um jovem com cabelos coloridos tido como suprassumo da genialidade é mais que prêmio de consolação. 

São chegados os dias da colheita…

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Yuri Ruiz

Yuri Ruiz

Um jovem conservador, antifeminista, antimarxista e cristão.

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