Foto: reprodução Internet

O pior inimigo do petismo é a realidade

O marxismo se baseia na intuição de Karl Marx de que a história é movida pela (1) luta de castas econômicas, entre pobres e ricos; (2) dessa luta emergiria uma revolução dos oprimidos contra os opressores; (3) findando num mundo ideal e igualitarista, o comunismo — o governo do proletário pelo proletário. A essência de tal sistema fora copiado forçosamente por Marx da teoria do conhecimento de Hegel, essa releitura marxista possui essencialmente 3 problemas em todos os seus 3 passos: o mundo não é movido por lutas de classes, a revolução proletária jamais ocorreu — ocorrendo apenas revoluções de inglórios, em sua maioria conduzidas pela própria vontade do capital e não por quaisquer insurreições de operários —, e nem muito menos uma sociedade igualitarista e humanista surgiu dessas tentativas frustradas de revoluções. O socialismo está, pois, assentado num pântano que se autoconsome, num terreno que engole suas próprias estruturas; tentando equilibrar seus prédios teóricos em palitos de dentes.

Desta visão míope da realidade, advém várias teorias que simplesmente contrariam a obviedade de um olhar mais ou menos pragmático. Ou seja, o socialismo acaba contrapondo a interpretação mais óbvia e auto-evidente da realidade, se essa interpretação não concorda com o todo de seu sistema doutrinal. A realidade perde, assim, a primazia frente à teoria. A consequência dessa cegueira política é o marchar constante, feliz e suicida, rumo ao desfiladeiro que, na mente socialista, figura como o oásis político-social. Guiados, desta maneira, não mais pela realidade e o senso de preservação, mas pelos construtos teóricos de ideologias, quaisquer loucuras podem ser vendidas como necessidades sociais ou benesses políticas.

Afastados do senso comum mais básico — aquele senso que, de tão comum, passa a ser apenas o “óbvio” — as mais idiotas e lunáticas teorias começam a pulular nas propostas eleitorais como reais possibilidades de conserto social. O PT propõe, por exemplo, o desencarceramento em massa dos presos por “delitos leves”, justamente no país que ostenta 64 mil assassinatos ao ano, um sistema de crimes organizados pulsantes, e uma jurisdição criminal tão permissiva que, em outros países, tais leis seriam piadas de stand up.

Para o país que empossa mais de uma dezena de milhões de desempregados, e uma taxa de inadimplentes crescente; o PT propõe a manutenção das estatais e o fortalecimento do funcionalismo público — justamente o setor que mais sufoca a os cofres públicos.

O petismo fala em aumentar o salário mínimo sem nenhuma gestão econômica de abertura de mercado, de busca de investimentos internacionais duradouros, desburocratização para o respirar do empresariado; tudo isso como se o aumento salarial viesse de algo mágico e não de uma estratégia de pressurização econômica ao empresariado, de uma manutenção constante da liberdade para as leis de mercado.

No país em que o jornalismo tanto fala em liberdades, é justamente o PT quem propõe a sua “regulamentação” — um nome fofo para censura estatal. E advinha de que lado figura a grande maioria dos jornalistas brasileiros…

Esses são apenas alguns exemplos da mentalidade desconexa de tal partido.

A atual tática ofensiva do petismo, por sua vez, é a de tentar emplacar a alcunha social de que os conservadores são, na verdade, reais “fascistas” e “nazistas”; o problema é que nem nisso eles estão certos e muito menos estão tendo êxito em fazer, primeiramente porque usaram tantas vezes tais termos que eles caíram num desgaste impressionante. Como afirma o velho adágio: “se tudo é fascismo, então nada é fascismo”. O fascismo se caracterizou por ser um governo autoritário, estatista, catalizador de ações culturais e econômicas, por nutrir uma governança que busca incutir novas remessas de pseudomoralidades e reinterpretações éticas na sociedade. Ou seja, há muito mais semelhanças entre o fascismo e o comunismo do que o fascismo e o liberal-conservadorismo que Jair Bolsonaro vem apresentando. Para Vladimir Tismăneanu — um dos maiores filósofos políticos ainda vivos — fascismo e comunismo são irmãos totalitários compostos das mesmas maneiras de agir e essência política.

Quantos regimes fascistas na história que defenderam, por exemplo, a liberação do acesso às armas de fogo pela população; o crescimento do empresariado e do investimento internacional; a diminuição do Estado na economia; e a educação como primazia dos pais e não do Estado?

Faça uma lista e nos apresente, por gentileza.

Ou seja, caros leitores, o PT continua seu legado como herdeiro do comunismo mais basbaque de todos; além de desafiar os fatos com teorias descabidas e desconexas, ainda cospem na face do povo um mundo ideal que jamais saiu das infindáveis teses e teorias que fariam as estórias de Lewis Carroll parecerem de um realismo impressionante.

Quando o PT olha para o povo maciçamente o recusando, fantasia em seu desespero lancinante que, obviamente, há um “golpe” fascista em curso no país, que a insurreição nazista — adormecida durante 70 anos — finalmente despertou em terras tupiniquins num povo que mal sabe da sua própria história, mas que supostamente se levantará para lutar pela supremacia ariana. Tudo isso enquanto que, uma simples “vergonha na cara” explicaria muito melhor e com muito mais exatidão tal asco social, tal repulsa brasileira frente à possibilidade de volta do PT ao poder.

Para o petista, a Dona Sônia, que vai à missa no domingo de manhã e volta para fazer o almoço para o seu marido, é fascista pelo simples fato de ser eleitora do Bolsonaro. No entanto, os estudantes universitários socialistas, aqueles que fecham as universidades públicas quando o rumo político não segue os seus dogmas, os mesmos que agridem professores e universitários que não concordam com o seu modo de ver o mundo; para as mentes esquizofrênicas do socialismo, seriam esses a expressão máxima do “ser democrático”. Para crer nisso já é preciso estar entorpecido por um alucinógeno tão forte que, por “mera ocasionalidade” eleitoral, chamarei aqui de ideologia.

 

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, colaborador do Jornal Gazeta do Povo, ensaísta e editor chefe do acervo de artigos do Burke Instituto Conservador.

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