Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Por que votei em Jair Messias Bolsonaro?

Gostaria de elencar aqui, juntando textos esparsos que publiquei antes das eleições, meus principais motivos para ter votado no capitão da reserva, 38º presidente do Brasil pelo PSL.

1 – a guinada geopolítica:

VENEZUELA

Os governos petistas estreitaram laços com ditaduras ideologicamente simpáticas, sendo a Venezula talvez o exemplo mais absurdamente gritante dos equívocos do Itamaraty na era petista.

O Brasil deveria exercer posição estratégica na região para evitar a ascensão de regimes ditatoriais como o que vemos na Venezuela.

Hoje, quando o caos é inegável, petistas e petista-afetivos dizem que “não há nada a fazer”; dizem isso para rechaçar uma eventual intervenção militar no país vizinho (provavelmente a solução mais rápida para dar fim ao sofrimento do povo venezuelano).

É evidente que “não há nada a fazer” (além de uma intervenção militar) na Venezuela AGORA, onde crianças morrem de fome, cães são devorados para suprir falta de proteína (tal como na Coreia do Norte os presos em campos de concentração comem os ratos atraídos por suas fezes, conforme relato de desertor no livro Fuga do Campo 14), animais em zoológicos morrem de inanição, corpos em necrotérios explodem pois não há energia elétrica para refrigerá-los.

O problema é que foi permitido que se chegasse a essa situação. O “excesso de democracia” venezuelana foi cansativamente enaltecido por Lula, pelo PT e por petistas-afetivos. A cantilena do “socialismo do século XXI” (sim, jovenzinho petralhinha que nasceu ontem, quando tudo isso era mato, o argumento pró-Venezuela é que de lá sairia um novo socialismo, mas tudo que veio foi ditadura, miséria, escassez e inflação, efeitos do “socialismo raiz”).

Lula, o PT e petralho-afetivos elogiaram, mantiveram relações e FINANCIARAM os governos Chavez-Maduro, quando o Brasil deveria ter liderado oposição contra o bolivarianismo prostituído dessa turma. Se hoje a Venezuela está na situação que está, o Brasil tem, estrategicamente, culpa no cartório, graças aos governos do PT.

Vale aqui cobrir duas objeções:

  • “O preço do petróleo” — dizem os petistas e afetivos, que o problema da Venezuela se deu devido à queda do preço do petróleo. Parece que o socialismo do século XXI não conseguiu prevenir a Venezuela de entrar numa crise política, econômica e humanitária sem precedentes devido ao preço de um único produto, que continua dando lucros para Arábia Saudita, Dinamarca e outros países de matriz petrolífera. Quem poderia imaginar, não?
  • “Conspiração norte-americana” — dizem petistas e afetivos, que está — mais uma vez — em curso uma conspiração americana contra o socialismo. Para fins argumentativos, digamos que tal coisa exista (lembrando, o pessoal que afirma essas sandices é o mesmo que vai nos proteger de “fake News”, viu?). A Anistia Internacional, que denuncia os crimes da ditadura Chavez-Maduro há anos, faz parte de tal conspiração? O complô estadunidense daria conta de explicar a crise econômica, ok. Mas explica a morte de mais de 6.700 opositores apenas este ano? Maduro é um ditador assassino e nenhuma conspiração americana é capaz de relativizar isso.

Por Jair Bolsonaro representar um rompimento definitivo com o nanismo diplomático e a bunda-molice com relação a ditaduras socialistas na América — rompimento que NÃO VEIO com Michel Temer, pelas mãos de Aloysio Nunes — meu voto foi do capitão. Nossos conterrâneos de Roraima contribuíram e muito para a eleição de Bolsonaro, concordando com a minha tese.

E qualquer um que coloque o risco de sentimentos feridos ou afirmações estabanadas acima do sofrimento dos nossos vizinhos hispânicos não merece ser levado a sério.

 

2 – economia (e cultura, estúpido!):

Acredito que seja desnecessário esclarecer para meus leitores mais frequentes que a preocupação da esquerda com os pobres é lenga-lenga para engaiolá-los, junto de outras minorias, em sua cela ideológica, esperando arrebanhá-los para lá e para cá o tempo todo.

Mas vejam, suponhamos, por um minuto sequer, que fosse verdade. Para criar programas sociais que ajudem os pobres é necessário que haja dinheiro, para haver dinheiro a economia do país precisa estar em crescimento e no rumo correto. Em crise, como aquela cujos EFEITOS apareceram em 2013, CAUSADAS pelos desandes petistas de anos anteriores, não tem como ajudar os pobres. Nem como bancar farras cortadas pelo próprio governo Dilma (Ciência sem Fronteiras) ou como manter as universidades federais (UFRJ fechada por estar sem água e/ou energia durante o governo Dilma).

Haddad sequer representava os primeiros anos de Lula, quando, por razões estratégicas, imperou alguma ortodoxia. Alegou que TODA a crise econômica é fruto de uma conspiração da oposição iniciada em 2014 (sua primeira entrevista como candidato na GloboNews), nada de antes explica a pior crise com a pior recessão que o país já viu (em 2013 e antes muitos já alertavam, mas foram tratados por petistas e petistas-afetivos como “pessimildos”), a culpa, como sempre, é das estrelas.

Haddad não fez mea culpa moral e tampouco mea culpa econômico. O que significaria o retorno do desenvolvimentismo dilmesco. A pior crise da História não tem qualquer relação com os empréstimos concedidos a bancos, com o aquecimento artificial da economia e com o incentivo irreal ao crédito, que começaram pelos idos do governo Lula em 2006, 07 e 08 (que também seduzem alguns liberais, com as cloacas em chamas para sinalizar parcimônia de análise e reconhecimento de méritos dos governos petistas), com a aposta furadíssima nos “campeões nacionais”.

Apesar disso tudo, Haddad queria tabelar o preço do gás na canetada e aumentar o salário mínimo na canetada (centralismo econômico SOCIALISTA PURO, em essência), é contra o teto de gastos (quem gasta mais do que pode fica sem dinheiro no futuro).

Tudo isso com a ressalva que agora a economia está muito mais frágil que antes e, portanto, sucumbiria ainda mais rápido. Inviabilizando a manutenção de programas sociais de ajuda aos mais pobres e acelerando o processo de venezuelização do Brasil.

Ou seja, se você, um dos poucos sobreviventes de uma preocupação desideologizada com os pobres, realmente deseja a ascensão social deles, não poderia ter votado em Haddad. Se ele for eleito, a crise voltaria ainda pior, o dinheiro acabaria e os pobres se afundariam ainda mais na miséria.

Por representar um claro e evidente rompimento com essa ordem econômica (e geopolítica, como disse anteriormente), meu voto foi em Jair Bolsonaro.

Ressalto ainda que, essas razões mais que suficientes para embasar não apenas um voto antipetista, mas um voto POSITIVO em Jair Bolsonaro, que representa AÇÕES novas e não mera reação ao petismo.

Qualquer um que apoiasse Haddad, a despeito de suas alianças e suas ideias econômicas, por alegações de “medo”, “racionalidade” (como foi o caso de Joaquim Barbosa) ou por histeria baseada em declarações anteriores estabanadas estaria simplesmente devolvendo as chaves do cofre brasileiro a um poste que seria comandado pelo líder de um projeto criminoso de poder de proporções intergalácticas.

Quem alertava para a crise iminente em 2014 era chamado de “pessimildo”. Isso falsifica a tese haddadiana de que a crise foi causada pela instabilidade política do pós-eleição. Lá atrás nós avisamos e fomos tratados assim: https://www.youtube.com/watch?v=-4eC_wP4s3k.

3 – corrupção

Last, but not least, os infinitos casos de corrupção em que estão imersos todos os líderes petistas. Mais que como meros batedores de carteira, como um Paulo Maluf, mas como proponentes de projetos de corrupção como método revolucionário de consolidação no poder, como execução de um projeto criminoso de poder.

Não posso me furtar a contar um relato de um colega de trabalho esquerdista, ao falar sobre corrupção. O ilustríssimo disse “não olho para corrupção, olho para (sic) ‘projetos’”. Foi um jeito sutil de dizer que não liga nem um pouco para corrupção, seja lá em quais proporções, desde que se trate de projetos ideológicos com que está familiarizado. Esse tem sido, muitas vezes sem perceber, o tratamento da esquerda com os casos de corrupção do petismo. Num erro estratégico, desde o escândalo do mensalão e a escolha de PSDB e DEM por “deixar Lula sangrar” em vez de tentar emplacar um impeachment. Toda afetação moderada na luta contra a corrupção das forças não-petistas foi um erro estratégico, pois a esquerda nunca viu a corrupção exatamente como um problema, mas como uma parte negativa de um processo muito maior, que justificava a roubalheira. O fim justificava os meios.

Pela possibilidade de expulsar todos esses corruptos das posições de poder que ocuparam nos últimos anos, votei em Jair Bolsonaro.

Os recentes acontecimentos, de um governo que ainda nem se iniciou, já vingaram esse singelo articulista: imediatamente após a vitória, o presidente eleito já recebeu congratulações de Donald Trump, sinalizando fortemente a possibilidade de trabalho em conjunto, agora com nações que ditam as regras das relações internacionais e não republiquetas socialistas de bananas. Sinais favoráveis também vieram de Benjamin Nethanyahu e Sebastian Piñera.

Paulo Guedes no superministério da Fazenda e Sérgio Moro no superministério da Justiça também já satisfazem os itens 2 e 3. Um governo que ainda nem começou já satisfez quase que totalmente minhas modestas expectativas. Agora é só aguardar os resultados.

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

André Assi Barreto

André Assi Barreto

Bacharel, licenciado e mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo. Licenciado em História. Professor de Filosofia e História das redes pública e privada da cidade de São Paulo. Pesquisador da área de Filosofia (Filosofia Moderna - Dercartes, Hume e Kant - e Filosofia Contemporânea - Eric Voegelin e Hannah Arendt) e aluno do professor Olavo de Carvalho. Trabalha, ainda, com a revisão de textos, assessoria editorial, tradução e palestras. Coautor de “Saul Alinsky e a anatomia do mal” (ed. Armada, 2018).

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