Resenha da obra “El libro negro de la nueva izquierda – ideologia de género o subversión cultural”

O sentimento de urgência, ao tratar de determinados temas, deve-se à precariedade de estudos atuais em sentido contrário àquele que se impõe diariamente no imaginário social. Os teóricos da contracultura, das formas subversivas, das técnicas de manipulação psicológica cujo resultado é a dissolução do sentimento moral e do pudor têm se destacado sobremaneira sem que haja número suficiente de pensadores para se lhes contrapôr. Nosso objetivo, portanto, para além da crítica ao submundo pseudofilosófico e pseudoliterário de onde emergem a visão ideológica acerca da sexualidade é contribuir, por mínimo que seja, para o resgate, ainda que tardio, da sobriedade e do pudor diante dessa dimensão profundamente complexa da nossa humanidade, impondo, pela denúncia e exposição do absurdo de algumas teses, uma barreira para a politização desse tema por mentes pouco afeitas à busca da verdade.

Os intelectuais cuja obra tenta normalizar uma perturbação de cunho sexual conseguem apenas traduzir em forma de conceitos manipuláveis ao bel prazer de sua inteligência a sua própria perturbação psíquica que, teoricamente projetada em forma de ideias, ganha ares de grandiosidade e aderência das massas obnubiladas pelo inferno das pulsões doentias. O melhor instrumento de que ainda dispomos nesse combate – além da capacidade crítica e do bom senso – é nosso senso de moralidade que grita contra a perversão insidiosa que se disfarça em forma de teses, dissertações, obras vulgares ou manifestações bizarras de jovens que se retroalimentam dessa falsa cultura que em todos os lugares dá guarida àquilo que atenta contra o que é espiritual, belo e sublime; contra tudo aquilo que é ainda capaz de elevar a alma, emudecer pelo deslumbramento e fazer vibrar a fé em algo maior que a propensão natural ao que é vil e degradante.

Dentro desse contexto de respeito ao que é sagrado e de sentimento de combate ao que insiste em profanar tudo o que é divino e degradar tudo o que é humano, pareceu-nos imprescindível a tarefa de apresentar um livro cuja difusão deveria ser tarefa da hora para todos aqueles que se sentem atingidos pelo radicalismo e pela perversidade das doutrinas e visões de mundo que a esquerda teima em querer nos impor.

O comunismo não morreu com a caída formal de seus estados, asseveram os autores da obra que começamos agora a expor em forma de resumo, “El Libro Negro de la Nueva Izquierda – Ideología de género o subversión cultural” de Nicolás Márquez e Augustín Laje. Trocando o discurso classista por aforismos igualitários, ele apenas “deixa de recrutar operários explorados para capturar almas atormentadas ou marginalizadas a fim de programá-las e lançá-las em conflito sob pretextos de aparência nobre[1]”. No momento em que os que eram contra o comunismo sentenciavam triunfantes e ingenuamente o seu fim, a doutrina malsã se espalhava onde poderia ter maior potencial de destruição a longo prazo: nas salas de aula, nas cátedras, na literatura, nas artes, no jornalismo e no imaginário social como um todo. Essa hegemonia, claro, não surgiu de uma hora para outra e é analisando a evolução desse conceito no decorrer das formulações e reformulações do marxismo que começaremos a entender a estratégia atual que combatemos.

Na teoria marxista convencional, a consciência estaria subordinada ao conjunto das relações de produção que formam a estrutura econômica da sociedade. O que está na base (a estrutura econômica) condicionaria o que está acima (a superestrutura jurídica e política à qual correspondem determinadas formas de consciência social), enquanto o indivíduo é conformado a uma lógica determinista na qual o social prevalece e o condiciona, impondo-lhe as formas da ideologia compatíveis com a classe a qual pertence.

O próprio Marx considera essa sua interpretação como o resultado que, uma vez obtido, serviu-lhe de fio condutor nos estudos e resume-a na clássica e não menos equivocada sentença: “Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência[2].”Nessa análise topográfica em que a sociedade é interpretada como uma espécie de edifício cuja base são as relações de produção, a demolição do prédio só pode se dar com a destruição dos seus pilares de apoio, portanto, a luta no nível cultural, ideológico, jurídico e político é considerada inócua e a revolução só pode se dar pela supressão da propriedade privada e pela tomada de poder por parte do proletariado, que é a classe revolucionária por excelência.

Ocorre que na Rússia pré-revolucionária, o desenvolvimento econômico era tão atrasado que a burguesia ainda não tinha cumprido o seu suposto papel histórico de fazer a revolução contra o feudalismo czarista. Diante desse fato, era preciso uma justificativa para que, contrariando os postulados e as profecias de Marx, o proletariado assumisse uma tarefa diferente daquela à qual estava predestinado enquanto classe. É assim que, por ocasião da Segunda Internacional Socialista, elabora-se o conceito de hegemonia, a fim de justificar o fato de que, na Rússia, a classe proletária assumiria a tarefa burguesa de sepultar a sociedade feudal.

As classes sociais continuavam sendo concebidas como dotadas de tarefas históricas específicas, mas o termo hegemonia começa a ser utilizado para dar conta de uma excepcionalidade que extrapola um quadro determinista maior. Na Terceira Internacional Socialista, Lênin reajusta esse conceito, passando a concebê-lo sob a óptica da necessidade de uma direção política no seio de uma aliança de classes, como a que deveria ocorrer entre o campesinato e a classe proletária em benefício da revolução.

Posteriormente, com a obra de Antonio Gramsci, estabelece-se o vínculo entre cultura e hegemonia, superando o economicismo anterior que a noção continha. Para o pensador italiano, a hegemonia se realiza com mudanças no nível cultural O conceito não se resume mais a uma aliança política como apregoara Lênin nem à assunção de tarefas externas à própria classe, como queria Plejanov, mas abrange um projeto de transmutação de valores, identidades e cultura.

A hegemonia se dá pela introjeção no outro de uma mesma visão de mundo em torno da qual cria-se uma solidariedade orgânica entre grupos de classes sociais distintas. A formação política hegemônica dar-se-ia, dali em diante, pelo vínculo ideológico em uma mesma consciência revolucionária contra o inimigo comum. Se, para Lênin, a revolução havia de ser violenta e implicava tomar à força o Estado, para Gramsci, o Estado poderia ser permeado a partir da sociedade civil e sua destruição seria o mero resultado da destruição da concepção de mundo que o produz e reproduz. A revolução seria lenta, gradual e passiva, em um processo no meio do qual as classes dominantes absorveriam quase inconscientemente os pontos de vista das vontades coletivas.

Outro importante salto na teoria marxista foi dado pelos argentinos Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, cuja originalidade em relação às revisões anteriores do marxismo é a supressão do conceito de classe social como elemento teórico relevante. Não há mais um sujeito revolucionário privilegiado e específico como o era o proletariado, mas novos sujeitos forjados para a revolução por meio da construção de discursos ideológicos que serão devidamente manipulados, potencializando os conflitos sociais em benefício do projeto de poder hegemônico da nova esquerda. Hegemonia passa a ser a articulação das forças conflitivas diversas e dispersas, por meio de um discurso homogêneo instituído pela esquerda e que, radicalizando o componente igualitário da democracia, acabará distanciando-a de seus princípios liberais, destruindo-a por dentro. A radicalização da democracia almejada pelos progressistas não é outra coisa que socialismo.

O falecido Hugo Chavez, já dissera, em 2005, no programa televisivo “alô presidente”, que o socialismo não havia morrido com o fim da União Soviética, precisando apenas se reinventar de acordo com as condições do novo século. É nesse contexto que nasce a expressão “Socialismo do século XXI” como alcunha latino-americana para o projeto totalitário da nova esquerda. Hoje sabemos que, na América Latina, não apenas os movimentos sociais minoritários foram cooptados, mas também o crime organizado, o narcotráfico e o terrorismo foram instrumentalizados pelo projeto de poder da esquerda; afinal, tudo o que tenha caráter subversivo pode ser utilizado pela ideologia que quer fazer emergir uma nova ordem a partir do caos.

Vê-se, pois, quão importante é para a reconfiguração da nova esquerda o abandono da visão economicista e estritamente classista e o reconhecimento de que não há apenas um, mas vários sujeitos revolucionários em potencial, sendo a estratégia principal justamente cooptar e instrumentalizar todos os microconflitos por meio de uma narrativa que os unifique contra o inimigo comum, que será a ordem espontânea capitalista e os valores ocidentais que a sustentam. Os movimentos que o socialismo do século XXI deve hegemonizar são, dentre outros, o indigenista, o ecologista, o direito-humanista, mas, principalmente, o movimento feminista e homossexualista, que convergem e se transmutam – prestando-se mútuo apoio – no que se conhece hoje como ideologia de gênero.

Se em sua primeira etapa (ou “primeira onda”) o movimento feminista foi importante e necessário por reivindicar igualdade de direitos jurídicos entre mulheres e homens (o que nada mais é do que a luta por isonomia, que é um princípio liberal), seu desdobramento deu-se por caminhos tortuosos que fizeram desse movimento a antessala das mais aberrantes teorias. O economista Ludwig von Mises não se enganou ao caracterizar o feminismo, nas suas ondas subsequentes, como um “filho espiritual do socialismo.” Segundo o economista austríaco, ao crer que “deve combater instituições da vida social com a esperança de remover, por este meio, certas limitações que a natureza impôs ao destino humano[3]”, o movimento feminista assume uma característica própria do socialismo que é “buscar nas instituições sociais as raízes das condições dadas pela natureza e pretender, ao reformá-las, reformar a própria natureza.[4]

As utopias socialistas de Saint-Simon e Fourier, além de arremeterem contra a propriedade privada também pleiteiam a desaparição do matrimônio como instituição social. O “socialismo científico”, de Engels, por sua vez, vincula a aparição da propriedade privada ao fim de um idílico paraíso comunista matriarcal e começo do regime masculino opressor. Para Engels, conforme sua obra “A origem da família, da propriedade e do Estado”, a propriedade seria causa não apenas da exploração das classes, mas também da exploração feminina. Sobre essa base teórica, que estabelece a mesma origem para a luta de sexos e a luta de classes, dá-se a operação hegemônica que instrumentaliza o feminismo e põe as mulheres em uma paradoxal militância contra a ordem de mercado das democracias liberais na qual sua liberdade pôde efetivamente florescer.

Se o feminismo na sua primeira onda, sufragista, pode ser caracterizado como ilustrado ou liberal e na sua segunda onda pode ser caracterizado como marxista no sentido mais tradicional, na terceira onda, o feminismo – tendo herdado as revisões do marxismo às quais já nos referimos – pode ser adjetivado de culturalista, neo-marxista ou simplesmente feminismo radical. Esse será o feminismo responsável pela germinação da ideologia de gênero.

Para autoras como Mary Inman (Em defesa da mulher – 1940) ou Betty Friedan (A mística da feminilidade – 1963), a liberação da mulher não teria sido lograda com as vitórias no terreno dos direitos civis e políticos. Havia ainda aspectos culturais e regras informais – como o desejo de ser esposa, mãe, ou cultuar a beleza e a pureza – cuja associação ao universo feminino seria causa de opressão e alienação das mulheres. O nome mais importante dessa fase do feminismo é Simone de Beauvoir (O segundo sexo – 1949), para quem o conceito “mulher” seria carente de essência, artificial, sempre definido pelo seu opressor: o homem e, portanto, socialmente construído. “Não se nasce mulher; torna-se mulher”, afirma a companheira do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre.

A distinção que Beauvoir estabelece entre sexo (dado natural) e gênero (construção social), negando relevância à determinação que o primeiro impõe sobre o segundo é, sem dúvida, prelúdio da visão de mundo radical e absurda que se convencionou chamar de ideologia de gênero, segundo a qual o dado natural pode ser ignorado e negado em favor do sentimento, do desejo, da vontade do homem que quer se construir socialmente como mulher ou vice-versa, a despeito das determinações que a biologia lhes impõe.

Embora não se possa culpar a escritora pelo uso posterior que se fez da sua famosa frase, convém notar que ao existencialismo ateu – pano de fundo filosófico de toda sua obra – é inerente esse risco de abolir qualquer consciência de determinação natural do ser humano. Afinal, como diria Sartre, “o homem nada mais é do que aquilo que faz de si mesmo”. Se ele quer fazer de si mesmo uma mulher, nada poderia impedi-lo…

Como não há limites nem para o delírio nem para a perversão fantasiada de teoria, Shulamith Firestone (A Dialética do Sexo, 1970) escreverá um programa mínimo para a revolução feminista cujos pontos são: 1) legalização do aborto; 2) abandono da economia capitalista e adoção do socialismo; 3) destruição das distinções culturais entre homem/mulher e adulto/criança; 4) libertação de todas as mulheres e crianças para fazerem o que desejarem sexualmente.

Firestone legitima, portanto, a pedofilia e nisso não está sozinha. Kate Millet já havia escrito que as crianças deveriam “expressar-se a si mesmo sexualmente, provavelmente entre elas de início, porém também com adultos”. A própria Simone Beauvoir assinou, no diário Le Monde de 26 de Janeiro de 1977, juntamente com Sartre e Michel Foucault, uma solicitação em favor da liberdade de três homens presos por pedofilia. O ativismo pedófilo desses que ainda são, infelizmente, incensados e estudados nas faculdades como grandes filósofos teve tanta repercussão que culminou na fundação do FLIP (Front de Libération des Pédophiles).

À pedofilia as feministas somaram a reivindicação do incesto e, dos anos 70 em diante, o feminismo radical trará sempre, algumas vezes implícita, outras vezes explicitamente estas horripilantes reivindicações dentro de seu programa. Todas essas transgressões aberrantes são estratégias que buscam modificar as formas de vida para modificar as estruturas do sistema político e econômico. A histeria em torno das questões de gênero, a insistência da militância em modificar a própria linguagem para fazer valer sua visão distorcida do mundo mostra que a ideologia de gênero é umas das estratégias mais eficazes do marxismo cultural.

Vimos que nos anos 70 e 80 houve uma síntese entre o feminismo radical e um marxismo reformulado, a família e o matrimônio sendo reforçados como agentes de opressão política da mulher; opressão essa que se daria também pela imposição da heteronormatividade (neologismo criado justamente para pôr em questão a definição supostamente cultural da sexualidade hétero como natural e normal). Já nos anos 90, estabelece-se a ponte entre essa terceira onda feminista, culturalista e destrutiva com o que passou a ser conhecido como “teoria queer.”

A teoria queer, cuja principal representante é a “filósofa” Judith Butler, não sustenta apenas a ideia de que o gênero é uma construção social, mas vai além e critica a heterossexualidade dominante (e supostamente compulsória) que limita o número de gêneros existentes. Para a teoria queer não existe apenas homem, mulher, gays, lésbicas, etc, mas há tantos gêneros quantas formas estranhas e bizarras de sexualidade houver. Daí que a sigla do movimento que supostamente atua em favor das minorias sexuais (LGBTQIAP +) precise sempre ser acrescidos de letrinhas ad infinitum.

Não se trata apenas de um movimento político, mas de um movimento cultural que esteve por trás das maiores extravagâncias apresentadas em teatros e museus como se fossem arte e não o que realmente são: um espasmo de corpos saturados, talhados por ideias libertinas, grosseiras e grotescas (vide a performance “macaquinhos” ou a mostra “queermuseu”) e de uma corrente teórica disseminada na academia sob o disfarce da linguagem rebuscada de um Foucault, Deleuze ou Derrida (vide o artigo acadêmico intitulado Da filosofia como modo superior de dar o cu ou Deleuze e a “homossexualidade molecular”, dentre muitos outros do tipo.)

Judith Butler empenha-se na desconstrução total das noções de gênero e sexualidade, modificando também, por meio dessa ressignificação, o sujeito político do feminismo, que passa a incorporar qualquer um que possa se contrapôr ao homem, à sociedade heterossexual e à instituição familiar. Se, para Simone Beauvoir – a despeito da ênfase no aspecto cultural que corresponderia ao gênero – ainda havia a aceitação do sexo como dado natural, com Butler a distinção entre sexo e gênero praticamente não existe e a atribuição de significado que damos a certas características biológicas é considerada arbitrária e política, resultado da regulação binária da sociedade que busca eliminar a multiplicidade subversiva.

Com o objetivo de desqualificar esse binômio homem/mulher, Butler traz para a linha de frente da sua guerra moral travestis, transsexuais e transgêneros como exemplos que pairariam acima de qualquer enquadramento natural. Os teóricos queer militam para subverterem as relações sexuais heteronormativas e degradarem o máximo possível a sexualidade humana. A centralidade do pênis e da vagina na relação sexual é problematizada na busca de uma “desterritorialização da sexualidade heteronormativa.” Quanto mais degradante for a relação sexual mais alta será considerada a “tecnologia anti-sexual”. Não importa que a vagina tenha mais de oito mil terminações nervosas e o pênis mais de quatro mil, para ideólogos queer, a exemplo de Beatriz Preciado (professora de teoria do gênero da Universidade de Paris VIII), a escolha de tais órgãos como zona erógena privilegiada é resultado da opressão de uma “falocracia heterocapitalista” contra a qual rituais sadomasoquistas, práticas coprofílicas ou outras aberrações agradáveis aos discípulos do Marquês de Sade seriam formas de resistência.

A “professora” Beatriz Preciado consome testosterona, cultiva uma estética masculina, não se assume nem como homem nem como mulher, vai dar aulas com bigodes postiços, é lésbica, comunista e se faz chamar por Paul Beatriz. Ela/Ele tem um fã clube de alunos e leitores que aclamam suas elucubrações acerca de um “igualitarismo sexual” fundamentado no ânus. O ânus, afirma Preciado, escapa à “retórica da diferenciação sexual” que o capitalismo insensível impõe ao enfatizar e centralizar os conceitos de genitalidade (pênis e vagina) que forçam diferenças discriminatórias e hierarquiza pessoas. É pelo ânus que se enfrentará a “máquina heterossexual” e se alcançará a “democracia sexual pós-humana” que anuncia o “comunismo sexual” por vir.

Não faz muito tempo, essa política escatológica se fez presente de modo mais explícito no Brasil por meio da difusão de trecho de uma palestra da “filósofa” e candidata ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores, em 2018, Marcia Tiburi. No vídeo em questão, Tiburi afirma que é “super a favor do caráter anal”, que “o cu é uma coisa muito boa na vida das pessoas, sobretudo porque é laico” e que “nesse país em que tudo está neofundamentalista, neopentecostal e neoliberal, o cu é precioso” e conclui o raciocínio da sua profunda filosofia com a exortação: “a gente tem que libertar o cu”. Vê-se, pois, a linhagem teórica à qual se filia Marcia Tiburi e a maioria dos professores de Filosofia do Brasil.

Se as extravagâncias de Tiburi podem se limitar ao anedotário dos discursos bizarros de intelectuais e políticos brasileiros, o mais além da degenerescência intelectual e moral de Preciado é a defesa da pedofilia (como foi em Firestone, Kate Millet, Sartre, Beauvoir, Foucault, e outros “sofistas da subversão cultural”.) Como se não bastasse a vontade de degradar tudo o que diz respeito à sexualidade humana, tenta-se atingir a inocência e o pudor ali onde eles ainda se escondem como podem. A nova esquerda quer agir e já está agindo sobre as crianças. Esse é o aspecto mais grave de tudo o que aqui foi dito.

A denúncia e a resistência à ideologia de gênero pouco tem a ver com uma crítica à escolha individual de modos de vida e orientações sexuais, mas sim com a imposição abusiva e totalitária de uma doutrina que não aceita ser contestada e cuja militância se organiza para criminalizar as ideias que lhes são contrárias (vide nosso artigo anterior sobre a criminalização da homofobia) e para incutir nas crianças em tenra idade a sua própria perturbação. Se não nos cabe interferir em escolhas sexuais de indivíduos, muito menos cabe aos militantes proselitistas a imposição e conformação da sociedade às suas extravagâncias: “não nos importa, por exemplo, que um determinado sujeito se considere um crocodilo ou uma chita dentro de um corpo humano […] o problema é a pressão ideológica levar o Estado a obrigar o resto a compartilhar essa loucura e a pagar as despesas, sob a ameaça de coerção”[5]

 

Nota da autora (esse texto contém paráfrases da obra resenhada. Minha intenção foi divulgar as ideias gerais do livro e despertar a curiosidade do leitor para que vá a obra original).

 

Texto publicado primeiramente em Focus.jor.

 

Referências:

[1] El Libro Negro de la Nueva Izquierda – Ideología de género o subversión cultural. p.11

[2]     Marx, Karl. Prefácio – Para a Crítica da Economia Política

[3]             Von Mises, Ludwig. Socialismo. Análisis económico y sociológico. Madrid, Unión Editorial, 2007, pp. 107108. Apud El Libro Negro de la Nueva Izquierda – Ideología de género o subversión cultural.

[4]     Idem

[5]          El Libro Negro de la Nueva Izquierda – Ideología de género o subversión cultural. p.113

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Catarina Rochamonte

Catarina Rochamonte

Doutora em Filosofia e vice-presidente do Instituto Liberal do Nordeste.

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