Todo ano – o mais do mesmo

Há coisas a que nos habituamos com algum gosto; uma delas é, a cada setembro, desde 2016, o meu amigo Max Amorim, presidente dos Carcarás, enviar-me, rindo, A Mensagem: “Lorêdo, tenho prova amanhã. Pode dar uma resposta a isso?”. E lá recebo desse bom amigo o link de posts de Facebook, prints de comentários ruidosos de comunistas e progressistas a alardearem as maldades do capitalismo, do tal patriarcado, das classes conservadoras e da dita cultura do estupro. Cá me vejo eu com a tarefa inglória – embora divertidíssima – de responder algo…

A bola da vez foi a Prof.ª Dra. Mary Ferreira, professora associada do Depto. de Biblioteconomia e do Programa de Pós em Políticas Públicas da UFMA, que resolveu passar vergonha em público veiculando, pelo jornal de extrema-esquerda Vias de Fato – adoro o nome desse jornal, não vou mentir –, artigo intitulado “Os riscos do fascismos na UFMA”. O descuidado “s” a mais em “fascismo” já prenuncia o desleixo de sempre… Segue o link: www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=741944232809293&id=100009811691710

Os riscos a que faz referência a iluminada articulista baseiam-se na notícia do III Encontro dos Conservadores da UFMA, evento anual promovido pelos Carcarás, a ser realizado na próxima segunda-feira, dia 1º de outubro, no Auditório Central da UFMA. O evento contará com conferências relacionadas desde ao aborto e à ideologia de gênero – combatidos pelos conservadores, como eu, e defendidos por comunistas e progressistas, com o apoio do lobby milionário da indústria do aborto e da “grande” mídia, como a Globo – até a assuntos eminentemente literários, a exemplo da conferência do meu querido amigo e editado Ângelo Monteiro, grande poeta e ensaísta, professor aposentado de Estética e Filosofia da Arte da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco.

Pois bem: sem meias palavras, a articulista, professora e doutora da UFMA, não hesita, já no título, em colocar nos organizadores do evento, alunos da instituição universitária em que leciona, a pecha infame de “fascistas”, afirmando que “a programação [do evento] aborda temas que se constituem como uma afronta a dignidade das mulheres”; em seguida, com retórica mistificadora de fazer inveja a um Hitler, reitera que o evento “cultiva o ódio”.

Como se não bastassem as acusações graves que lança, claramente com o intuito de destruir a reputação dos organizadores do evento, garotos dos seus vinte anos da Casa do Estudante, a professora faz a sua defesa de “liberdade acadêmica” e de “expressão”, com os seguintes sofismas:

“Os tempos de barbárie que se vive no Brasil desde o golpe de 2016, que acirrou os conflitos entre classe, que acentuou os racismos, as homofobias e a cultura do estupro, deve ser freado com debates que tragam contribuições para pensar as desigualdades, os racismos, as homofobias e os machismos. Urge ampliar os debates sobre relações de classe em uma universidade como a nossa que é marcadamente frequentada pelas camadas pobres e periféricas. É importante que nossa juventude tenha oportunidade de conhecer como nasce as desigualdades e como estas se fortalecem nas práticas que são reforçadas em discursos conservadores que prega a disputa e a meritocracia e exclui aqueles que lutam por um lugar ao sol, com sacrifícios e perseverança.”

E em caixa alta, em crise de histeria ginasiana:

“A UFMA PRECISA DE DEBATE PARA PROMOVER IGUALDADE DE GÊNERO E NÃO PARA SUBMETER AS MULHERES A POSIÇÃO DE SUBALTERNIDADE COMO INSISTEM OS CONSERVADORES.”

Descrevendo um conservadorismo que só existe na cabeça do típico professor alienado das universidades dominadas pelo discurso comuno-nazista, a indefectível articulista conclui pressionando a Reitoria da UFMA a proibir o Encontro dos Carcarás:

“A Reitoria da Universidade precisa se posicionar e se manifestar contra esse tipo de debate. Dizer que isso é liberdade de expressão não condiz com os princípios éticos de justiça e igualdade, tal qual está transcritos em nossos Regimentos, tendo em vista que a filosofia pregada pela juventude conservadora é muito clara: Supremacia branca, masculina e meritocracia, ou seja a negação das conquistas democráticas que lutamos tanto para efetivar.”

Bem, para mim, o que mais me diverte, nisto tudo, são os erros gramaticais cometidos pela distinta Professora Doutora. Quem, acaso, haverá de defender os direitos do vernáculo? (Mas tudo bem: larguemos o sarcasmo com “miudezas”…).

Conversando, aqui na Resistência, com um cliente e grande amigo advogado sobre o teor do artigo, perguntei-lhe se caberia uma ação de danos morais em face das acusações lançadas pela Prof.ª Dra. Mary Ferreira aos organizadores do evento, que defenderiam, segundo ela, as “desigualdades sociais”, cultivam o “ódio”, atentam contra a “dignidade das mulheres” e, fascistas que são, pregam a “supremacia branca” – o que é bastante curioso, pois o meu bom amigo Max Amorim é um autêntico modelo da mestiçagem brasileira, tão ressaltada por um certo Gilberto Freyre, esquecido propositadamente pelas universidades federais brasileiras. O meu amigo advogado, sorrindo com complacência, saiu-se com esta:

– Lorêdo, todo ano é esse mais do mesmo?

– E não é? – respondi, e gargalhamos.

Concluo este meu artigo inglório – mas divertido, repito – com alguma seriedade: não podemos nos esquecer que o sórdido trabalho de perseguição e patrulhamento ideológico dos comunistas e progressistas da UFMA aos nossos amigos Carcarás já rendeu o seu fruto trágico: sob a iniciativa do já famoso fundamentalista Saulo Pinto, também professor da UFMA, e agora candidato – pasmem – a senador pelo PSOL, os comunistas promoveram, como resposta à primeira edição do Encontro dos Carcarás (2016), um tal Encontro da Juventude Porra-Louca, que resultou no assassinato, a facadas, do estudante Kelvin Rodrigues Ribeiro, de 22 anos, num dos banheiros do CCH – Centro de Ciências Humanas –, cometido, segundo as investigações da Polícia, por um traficante, que se aproveitou da falta de segurança do Encontro dos Porras-Loucas – balbúrdia premeditada, realizada sem alvará de licença e segurança privada – para invadir as dependências da universidade… Aí estão os grandes “perseguidos”…

Diferentemente dos que nos querem fazer crer os elementos autoritários e truculentos que relincham em veículos notoriamente parciais como o Vias de Fato, finalizo relembrando os exemplos de Joaquim Nabuco, um dos líderes da Abolição da escravatura no Brasil, e do velho Sir Winston Leonard Spencer Churchill, o bulldog inglês, terror de Hitler, chefe dos Aliados contra o nazismo e que, nessa condição, salvou o mundo – ambos, não por acaso, vejam só, monarquistas e conservadores…

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

José Lorêdo Filho

José Lorêdo Filho

Livreiro e editor da Livraria Resistência Cultural Editora, cavaleiro da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e chanceler do Círculo Monárquico de São Luís.

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