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Ser contra Maduro não é questão ideológica, é questão de caráter

Que monstro prefere a desgraça de seu povo, ao invés de aceitar a ajuda de seus opositores? Há situações que não suportam nenhum clubismo, nenhum tipo de torcida à direita ou à esquerda; quando o inimigo principal é a fome de crianças e velhos, quando o que estamos tratando são pessoas desgraçadas sem o mínimo de dignidade de vida, não importa muito se a ajuda veio de Trump ou de Putin. Diante de uma extrema fome ou doentes terminais, não olhamos de quem é a mão que estende os alimentos e remédios.

No último dia 23/02, uma coalizão de países americanos, encabeçados por EUA, Colômbia e Brasil, ofertou ao povo venezuelano itens básicos de sobrevivência, tais como remédios, alimentos, cobertores e demais mercadorias como essas. O ditador Nicolás Maduro, em resposta a ajuda, fechou as fronteiras terrestres de seu país com a Colômbia e Brasil, tentando a todo custo impedir que as ajudas entrassem em solo venezuelano. Chegaram a dizer que a ajuda estava envenenada. Todavia, antes mesmo da investida das ajudas humanitárias, seu exército já havia matado dois cidadãos venezuelanos na fronteira com o Brasil. Na sexta-feira, seu exército sanguinário abriu fogo com munição real contra civis desarmados, um ato que, em muitos cantos do globo, despertaria ânsias de guerra. Maduro usou munição letal contra o seu próprio povo; você entende isso?

Sábado chegou e todas as expectativas só se confirmaram: a Venezuela é hoje, definitivamente, o lar mundial da sandice política. Maduro é um assassino e não há mais diplomacias possíveis — assassino não é só quem puxa o gatilho contra civis desarmados, mas também quem o autoriza a fazê-lo. Queríamos até usar outro adjetivo, mas estaríamos traindo os fatos daquilo que o ditador cruamente é.

Qual termo que daremos a um “presidente” que autoriza o seu exército a matar o seu povo? Que assiste passivamente seus cidadãos morrendo de fome? Que sabe do caos desumano que bate diariamente nas portas venezuelanas e, mesmo assim, deliberadamente impede que esses desgraçados sejam ajudados? Qual o termo que daremos a alguém que queima caminhões lotados de suprimentos que matariam a fome de velhos e crianças? Que queima caminhões que carregavam remédios a hospitais; como denominaremos alguém assim, se não como assassino?

Vários comentaristas estão criticando a ajuda humanitária — acreditem se quiser —, arrogando ser, na verdade, mera ajuda com fins políticos, espólios de pressão internacional contra Maduro. Quem assiste tais “especialistas” falando dessa forma — arrotando as suas análises nesses termos — geralmente se esquecem que há crianças comendo lixo na Venezuela porque milicianos incendiaram caminhões que traziam alimentos a eles; tais doutores de universos paralelos, quando arrogam ser uma pressão internacional contra Maduro, parecem desconhecer que estamos falando de um homem que é capaz de mandar matar a sangue frio o seu próprio povo. Que arma milicianos para cometerem crimes em seu favor.

Ainda que tais ajudas possam de fato ter seu fundo político a fim de pressionar e levar à queda de Maduro, não seria escândalo algum querer derrubar um sicário. Não estamos aqui falando de um bondoso eremita, de um samaritano evangelical, mas sim de um ditador que se mostrou disposto a matar sua gente para se manter no poder.

Pergunte a um faminto se ele se importa que o pão que mata a sua fome seja um espólio dos EUA; questione a um mórbido se ele recusará o remédio que poderá salvar sua existência, somente porque a droga veio de um país conservador. Somente na cabeça de intelectuais e ideólogos — quase sinônimos no Brasil —, uma ajuda humanitária a um país profundamente miserável, vem acompanhado de “MAS” ou outras ponderações que não a profunda necessidade de sanar sem demora problemas humanitários básicos.

Queriam tais especialistas que as ajudas humanitárias tivessem vindas através da ONU; e advertiram tais doutos que a organização sequer foi chamada pelos países doadores a participar da ação. Quer dizer que a ONU deveria ser convidada a gerir um ato de doação de espólios básicos a Venezuela(?); ora, para que serve a ONU se não para isso então? É como se, ao vermos um epiléptico tendo convulsões na rua, passássemos por ele sem ajudá-lo porque o mesmo não pediu ajuda. É preciso convidar a ONU a ser generosa a um país em frangalhos? Para que serve esse grande elefante branco sugador de toneladas de dinheiros, se não para momentos críticos como esse?

Ora, a ONU nada fez pela Venezuela até agora, e quando chega um grupo de países doando itens de sobrevivência básica ao povo sofrido, os especialistas diminuem o ato porque a ONU não foi convidada? Não sabemos se é pura idiotice ou completa alienação — ou ambas as coisas.

No entanto, não nos espanta a total laxidão moral da esquerda nesse assunto, não nos espanta que em notas diversas e conjuntas declarem apoio a Nicolás Muduro. Mas agora não há mais como esconder a face execrável da esquerda nacional; novamente: assassino não é somente aqueles que puxam o gatilho, mas também aqueles que dão suporte a eles. A esquerda nacional tem, novamente, sangue nas mãos e não é mais possível usar da desfaçatez de bons samaritanos, da fantasia de defensores dos direitos humanos; pois os humanos que eles defendem são aqueles que matam outros seres humanos em nome do poder estatal.

A esquerda brasileira aparece nua ante os olhos do mundo; hoje todos enxergam a olho nu o abominável espetáculo político e geopolítico desse grupo. Sim, meus caros, a esquerda apoia Maduro.

Simplesmente não há como manter um caráter ilibado, e apoiar este ditador; o mau caratismo e a honradez geopolítica, hoje, está diretamente ligado à posição que tomamos ante à tirania estatal venezuelana. Fato é que, não iriámos querer conviver com quem deliberadamente apoia assassinos; por que conviveríamos com quem racionalmente apoia Maduro? Não apoiar o ditador venezuelano transcende a mera escolha ideológica ou gostos político-filosóficos; que continuem confessos socialistas ou tendentes à esquerda, mas que tenham a hombridade de rechaçarem um tirano do quilate de Nicolás. Um homem que prefere seu povo na fome, na desgraça, enfermo e sem perspectivas, é um homem que não merece respeito.

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