Um governo cambaleante na política, mas vigoroso na segurança pública

Ninguém discordará se afirmarmos que a segurança pública é um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta. Somente em 2017 chegamos ao número inimaginável de 65 mil assassinatos/ano; uma guerra civil consentida e de baixo de nossos narizes. Num mundo onde o expurgo social é mera questão cinematográfica, o Brasil passou bem perto dessa utopia demoníaca.

Quem já passou pela universidade, acompanha o debate político-social, ou ao menos se interessa pela temática, sabe que a crescente incessante da violência no país ganhou passos largos quando os ditos “especialistas em segurança pública” ganharam o protagonismo na “prevenção”, “estratégias” e debates sobre a temática. Quase todas as medidas academicistas e sociologicamente corretas colocadas em prática, tiveram efetividade irrisória, resultados placebos. Como podemos afirmar isso? Ora, tendo dois olhos e um cérebro. Basta olhar a crescente nos homicídios de 2008 até 2017, por exemplo.

Todavia, nos último dois anos, os índices na segurança pública vêm reduzindo sistematicamente desde quando a política dos governos ― Temer e Bolsonaro ― passaram a ser de enfrentamento da criminalidade e não de justificação e diálogo infrutíferos com bandoleiros. Nunca antes na história brasileira se combateu com tamanha efetividade e inteligência o tráfico de drogas e o crime organizado. Falta muito, é óbvio, e a corrupção interna dos meios policiais agem como um escudo que impede os demais avanços; mas se a regra for “pau que bate em Chico, bate em Francisco”, cedo ou tarde a mera ideia de corrupção policial deverá ser encarada com maior rechaço midiático e populacional.

Nesse contexto, até mesmo a pergunta: “quem matou Marielle?” ganha real significado para além dos entraves ideológicos das turbas que se digladiam e fazem do cadáver da ex-vereadora um estandarte para suas preferências.

Não se trata ― como pode parecer ― de um combate a “ferro e fogo”, ou de um update em talião, mas sim de um enfrentamento no qual o Estado se impõe frente àqueles que querem forjar um Estado apartado das regras gerais que deveriam nortear a conduta social sadia dos cidadãos. O crime organizado se tornou grande na sociedade brasileira porque a força policial do Estado era desorganizada e condescendente.

A mínima reestruturação, o acréscimo de inteligência administrativa e investigativa e, é claro, o culhão para tocar na ferida social gangrenada, tudo isso forma o grande pacote de reação estatal frente às afrontas criminosas que diuturnamente aconteciam nos governos anteriores.

A queda de 22% nos índices de mortes violentas no primeiro semestre de 2019 em relação à mesma época em 2018; as corajosas transferência dos líderes de facções às prisões de segurança máxima; as grandes prisões de drogas: 276 quilos de cocaína em Balsa Nova, 11 toneladas de maconha em Presidente Prudente, recordes crescentes na apreensão de cigarros contrabandeados do Paraguai; além das recorrentes novas prisões de líderes de facções; tudo isso evidencia que a atitude mudou, que a eterna defesa verteu agora em ataque franco. Diferentemente de outras épocas, não há “diálogos cabulosos com bandidos”.

Se verdadeiramente o governo patina e dá cabeçadas em suas políticas estruturais junto ao congresso e a opinião pública; não devemos nos escusar de elogiar a postura frente a segurança pública. Ora, mas o que mudou então? A resposta é mais simples do que as vãs mentes empoladas em cálculos geográficos, teses sociológicas ou em discursos inflamados a militantes do PSOL podem imaginar. O que mudou foi a postura do Estado frente a criminalidade. O que parecia ser carinhos, negociatas e “vistas grossas”, parece que com Sérgio Moro se tornou uma recusa seríssima à barganha moral. O Estado, sob a tutela do ex-juiz na segurança pública, parece não ser negligente com os que antes se amontoavam nas arquibancadas dos coitados sociais; não existirá “tchutchucas” para afagar os “manos”.

Porém, não nos iludimos, ainda há muitíssimo a ser feito, defeitos crassos a serem sanados; mas se toda maratona começa com o primeiro passo, o governo já arrancou com extrema competência e diligência.

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