Foto: José Cruz/Agência Brasil 04/09/2014- Brasília- DF, Brasil- O presidente do TSE, Dias Toffoli, conclui a assinatura digital e lacração dos sistemas eleitorais que serão usados nas eleições de outubro.

Soberania de Deus e reponsabilidade humana x eleições no Brasil

A soberania de Deus:

Deus é soberano – e esta é uma verdade irrefutável – embora existam grupos de pessoas que neguem esta verdade (como se fosse possível). Mas esta negação é compreensível, já que aquilo a que não se pode superar só resta negar. Da mesma forma que criminosos odeiam as grades da prisão por não terem força suficiente para quebrá-las, assim também são os opositores da soberania de Deus, por não poderem superá-la.

As Escrituras nos apresentam Deus como soberano, criador e redentor, apontando seus feitos ao longo da história, revelando suas ações e demonstrando o ser de Deus em seus atributos.[1]

O apóstolo Paulo, após discorrer na epístola aos romanos acerca da soberania de Deus sobre o império e também sobre judeus e gentios, expressa palavras que resumem o sentimento de todos aqueles que desejam conhecer a Deus: “Ó profundidade da riqueza e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e caminhos!” (Rm 11.33). Se quiséssemos definir esta soberania, mesmo usando todas as palavras do dicionário e referências sobre o tema, seria difícil expressar de forma plena e exata a profundidade de seu significado, de maneira que nos resta concordar com as palavras do apóstolo Paulo.

Por causa de nossa natureza finita, é sempre necessário recordarmos que foi Deus quem criou céus e terra (cf. Gn. 1.1); foi Ele quem estabeleceu os limites (cf. Gn 1.27-31); foi Ele quem estabeleceu a humanidade (cf. Gn 1.28); foi Ele quem estabeleceu a redenção (cf. Gn 3.15). Deus é soberano e criador e nada pode mudar esse fato. Ele é antes de todas as coisas; Ele é a palavra primeira; sem Ele nada do que foi feito se fez; Ele é luz e guia para os homens (cf. Jo 1.1-4). Sem Deus toda a humanidade estaria perdida, andando como cegos, sem informação, sem sentido, destinados à autodestruição. Deus é soberano e sua soberania não está em xeque, muito menos em tubos de ensaios científicos.

A responsabilidade humana:

A Bíblia também aponta para a responsabilidade dos homens diante dos fatos e acontecimentos e não se pode negar isso[2]. Adão, primeiro homem a ser criado, foi responsável por Eva ter decidido comer o fruto e por compactuar com esta atitude (cf. Gn 3.1-24); os primeiros hebreus que saíram do Egito foram responsáveis por suas atitudes a caminho da terra prometida e por isso não desfrutaram da promessa (cf. Nu 14.29-30); após se estabelecer como nação e mesmo tendo em suas mãos as diretrizes para prosperar (cf. Dt 28.1-68), o povo foi levado ao cativeiro por sua desobediência a Deus (cf. 2Re 25.8-22); Ananis e Safira foram punidos com a própria vida por mentirem para o Espírito Santo de Deus (cf. At 5.1-11). Nestes relatos, vemos que Deus enxerga o homem como responsável por suas ações perante Ele, e nada fica impune aos olhos do Criador.

Esses e muitos outros exemplos apresentados nas Escrituras revelam que o homem é responsabilizado por seus atos, e fica claro que toda ação humana gera uma consequência que pode trazer benção ou maldição, individual ou coletiva. Ananias e Safira sofreram de forma individual, já o pecado do povo e reis de Israel trouxeram consequências coletivas. Enfim, o homem é responsável pelos seus atos – isso não se pode negar.

 

As eleições no Brasil:

Deus é soberano. O homem é responsável por seus atos. E qual a relação destas verdades com as eleições no Brasil?

Vivemos dias turbulentos no campo da política. Escândalos como o do mensalão, do petrolão, entre muitos outros, revelam um sistema político corrupto chefiado por bandidos inimigos da pátria. As eleições para o ano de 2014, mostravam um país dividido entre dois partidos (teoricamente), com um propondo ser o oposto do outro. Porém, por trás das cortinas, os dois eram iguais[3].

Nesse ano de 2018, o Brasil passa por mais uma eleição mas, desta vez, de um lado tem um candidato com o lema “Deus, pátria e família”, e de outro, um candidato que se propõe resgatar o país da pobreza através de programas assistencialistas.

Como fica a soberania de Deus diante dessa situação?

Bom, mais uma vez devemos enfatizar que a soberania de Deus não é algo que está em xeque – nunca esteve, na verdade. Não é de hoje que reis, presidentes, impérios e governos maus se levantam. Egito, Babilônia, Grécia e Roma já se levantaram contra Deus e seu povo e no final, todos caíram. Duvidar de sua soberania por causa dos cenários políticos que uma nação atravessa, revela um coração frágil que não entendeu viver sob a graça e cuidado de Deus. Todos aqueles que amam a Deus de verdade encontram refúgio e alivio para suas almas cansadas, pois Deus sempre reinou e sempre reinará sobre toda a história. Discutir a soberania de Deus é a prova de não o conhecer, e questionar esta verdade é fruto de uma teologia errada.

E como fica a responsabilidade humana?

Que as decisões geram consequências já é sabido por todos. Mas diante do atual quadro eleitoral brasileiro, tem muito cristão negando sua responsabilidade e deixando tudo por conta da soberania divina – boa desculpa para os irresponsáveis! Com um discurso travestido de piedade, cristãos se omitem e transferem sua obrigação para Deus. Aliás, transferir a responsabilidade para outrem é uma estratégia bem antiga, e Adão não vai poder negar que já fez uso dela… (“A mulher que me destes por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” Gn 3.12).


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Intencionalmente ou não, muitos ainda replicam as atitudes de Adão acreditando que estarão isentos de culpa caso as coisas deem errado no final.

O cristão nunca está livre de responsabilidade, nem pode ficar “em cima do muro”. Temos obrigações como cidadãos e fugir delas, principalmente no momento de escolher os governantes do país, é agir como Pilatos, “lavando as mãos” ao invés de fazer o que é certo fazer. Conhecer as propostas de seus candidatos e seus pressupostos a fim de fazer a melhor escolha é um dos deveres de qualquer cristão neste momento.

No atual pleito eleitoral aqui no Brasil, um dos candidatos à presidência da República faz parte de um dos partidos mais corruptos que o povo brasileiro já conheceu, cujo líder encontra-se encarcerado na sede da Polícia Federal na capital do estado do Paraná, condenado por corrupção. A ex-presidente do país, pertencente ao mesmo partido, sofreu impeachment por diversas acusações de corrupção e erros na condução do executivo. Um partido, aliás, que tem ideologia marxista e progressista, defendendo pautas imorais e contrárias aos princípios cristãos. Só por isso já seria injustificável que um cristão optasse por votar em candidatos deste partido, distinguindo-se das massas desinformadas ou mesmo dos próprios seguidores do marxismo. Mas o que se pode observar na realidade são cristãos se comportando como as massas, sem fazer questão de conhecer ou saber quais os critérios que devem ser utilizados na hora de escolher quem vai governar o país nos próximos anos. E é assim, com os olhos vendados (ou deliberadamente sem prestar atenção), que acabamos colocando no poder pessoas e partidos com ideologia comunista, que lutam pela destruição da fé cristã, da família e dos bons costumes.

 

Conclusão:

Deus sempre foi soberano sobre a história e nada foge do controle de suas mãos, ao mesmo tempo em que os homens sempre são responsáveis por seus atos, seja agindo, seja se omitindo. Muitos povos sofreram e ainda sofrem nas mãos de líderes tiranos e a igreja já passou por momentos de perseguição intensa, em que muitos morreram por não se curvarem diante de reis ou imperadores. No inicio da era cristã, homens como Policarpo, Irineu de Lyon e tantos outros foram martirizados por sua fé, entendendo as ameaças teológicas que os cercavam e os perigos que o império romano representava aos cristãos. Mas ainda assim não se misturaram e muito menos negaram sua fé.

Hoje no Brasil os cristãos têm a oportunidade de conhecer seus candidatos a governantes e de promovê-los aos cargos de autoridade máxima. São dias diferentes dos primeiros dias da era cristã, quando os primeiros cristãos não tinham esta oportunidade de escolher seus imperadores. Mas sofreram e desfrutaram de seus governos: foram perseguidos por Nero e Trajano, e beneficiados pelo Édito de Milão de Constantino e Édito de Tessalônica de Teodósio 1[4].

Os cristãos não podem depositar sua confiança em governos terrenos. Por outro lado, devem ter sabedoria na escolha dos governantes, exercendo sua responsabilidade como cidadãos. Foi exercendo seu direito de cidadão romano que Paulo, teve as portas abertas para testemunhar do evangelho diante de gentios, de reis e dos filhos de Israel[1] (cf. At 16.35-40; 22.25-30)

Neste momento importante da história de nosso país Deus permite que os cristãos brasileiros tenham a oportunidade de escolher seus governantes, e a nenhum é negado o direito de acesso a informações, opiniões de especialistas e o próprio uso da capacidade intelectual. Portanto, omitir-se agora é compactuar com os inimigos da cruz de Cristo. Não use a soberania divina para justificar suas irresponsabilidades!

 

Referências:

[1] Para saber mais sobre o ser de Deus e seus atributos revelados, recomendo a leitura da Teologia Sistemática de Louis Berkhof, primeira parte, a doutrina de Deus. Livro publicado pela editora Cultura Cristã.

[2] Alguns exemplos foram citados, entretanto os citados não se propõem em ser uma lista exaustiva, muitos outros poderiam ser apresentados.

[3] Para entender melhor cada eleição que o Brasil passou pós regime militar recomendo a série: “O Tetro das Tesouras” produzida pelo Brasil Paralelo. Pode ser vista https://www.youtube.com/results?search_query=brasil+paralelo

[4] Para saber mais sobre o período da patrística recomendo a obra “Redescobrindo os País da Igreja – Editora Fiel” e o curso sobre a patrística oferecido pelo CFL: https://www.cursofieldelideranca.com.br/

[5] Quero deixar claro que ao citar o episódio de Paulo, estou fazendo uma leitura imanente da situação, não estou colocando os propósitos de Deus em xeque. Lucas autor do livro de Atos, revela o plano transcendente de Deus para a vida de Paulo (cf. At 9.15).

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Wesley Felipe

Wesley Felipe

Wesley Felipe dos Santos, é um dos fundadores do Burke Instituto Conservador. Casado com Larissa Marazzio. É bacharel em teologia pelo Cetevap (Centro Estudos Teológicos Vale Paraíba) e covalidado pela Faterj, coordenador de cursos do Ministério Ler, membro do Templo Batista Bíblico de São José dos Campos –SP.

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