Foto: DHAVID NORMANDO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Presidente conservador

A vitória de Bolsonaro evidencia uma gama de questões inéditas até então no Brasil, pontuaremos algumas para melhor compreensão do momento, assim como tentaremos explicar o motivo do espanto geral das mídias e intelectuais. O primeiro ponto a ser destacado no pós-eleição, é o fracasso retumbante dos analistas políticos tradicionais — assim como ocorreu em 2016 nos EUA. Ignorando ou atacando Jair Bolsonaro (um paradoxo constante nos meses passados), trataram a candidatura do capitão reformado como um absurdo ou uma piada, se esbaldaram em fazer do “conservador transloucado” uma piada de redação, deliberadamente fecharam os olhos para a gigantesca população que o apoiava e endossava a sua presidência. A consequência foi o maior desfile de rostos estupefatos do mainstream brasileiro.

 

Os analistas do mundo das maravilhas:

Qualquer um que disser hoje que “a vitória de Bolsonaro era imprevisível”, ou “inimaginável”, está sendo o maior dos alienados; ele era carregado no colo em aeroportos lotados de admiradores, tinha aporte gratuito de milhares de pessoas que faziam campanha para ele sem nada receber em troca, sem necessitar de uma carteirinha do partido, nem endossos do próprio candidato. Apenas acreditavam em suas pautas e promessas. Poucas vezes na história moderna vimos um povo engajado de maneira concreta e livre numa candidatura presidencial, sem precisar de amontoados, grêmios, sindicatos ou diretórios para tal realização. Os analistas, do alto de seus egos, julgaram ser seus achismos e opiniões mais fortes do que a realidade mostrada dia após dia.

As problemáticas conjunturas políticas, econômicas, sociais, morais e tradicionais do povo brasileiro, apontavam diretamente para o Bolsonaro. Ainda que grande parte da população tenha resolvido anular, votar em branco ou justificar a sua ausência no sufrágio; se aleatoriamente buscássemos as pautas essenciais do capitão desde antes de sua candidatura formal, e apresentássemos sem prévias explicações ao povo, dificilmente os cidadãos brasileiros não apoiariam tais axiomas. Afinal, para o bem ou para o mal, as ideias do presidente eleito são aquelas que já estavam na mente do povo médio; se isso é bom ou ruim, deixemos cada um opinar ao seu modo, mas achamos difícil negar tal fato.

Não obstante, as recentes gerações de jornalistas e intelectuais formados na mentalidade de que qualquer pauta moral esconde em si um terreno fascista, automutilaram seus olhos analíticos, tornando-os cegos para os porquês da escolha popular maciça por Bolsonaro. Aquelas pautas que, para a nossa alta estirpe intelectual de analistas, eram meros moralismos tolos de uma classe média reacionária, para a população eram questões inegociáveis para a escolha do próximo presidente. Os comentaristas políticos se fecharam em suas redações e quartos, pensaram a política de maneira puramente analítica, raciocinando em seus mundinhos teóricos e estatísticos sem levar em conta o sentimento nacional; esqueceram de olhar pela janela e perguntar à realidade aquilo que ela gritava constantemente há tempos.

 

Um povo majoritariamente conservador e quer um líder conservador, capitche?

A segunda questão é que o povo quer um conservador como líder. O senhor que acorda às 4 da manhã para trabalhar e dar o leite e o pão à sua família, não está se importando muito com as análises pseudointelectuais dos artistas globais, com as histerias de comentaristas ou com passeatas de #EleNão. O seu José só quer chegar em casa e encontrar a sua família viva, sua esposa bem, seus filhos saudáveis e educados numa educação condizente aos seus princípios. Enfim, o seu José só quer ver as suas contas em dia e o jogo do seu time. Ele não se importa se o seu vizinho Leonardo, de quarenta anos, se sente como Leandra de 20; ele não tem tempo para cuidar do sexo alheio e nem fiscalizar genitálias diversas. Ele quer apenas que a sua moral e seus princípios sejam respeitados e que de seus filhos cuide ele, e não o Estado. É isso, aliás, que a alta classe intelectual e jornalística do país, resolveu chamar de “fascismo”.

O povo brasileiro é, em sua maioria, conservador, ele é apegado aos seus princípios de fé, às suas tradições familiares, aprendendo desde a mais tenra idade a dar ouvidos à sua consciência moral. O povo, todavia, é chamado de fascista justamente porque quer um presidente que se aproxime dele naqueles valores que lhe são caros; ou seja, o povo queria encontrar algum líder de Estado que transmitisse confiança para o resguardo desses princípios tão estimados. Bolsonaro foi eleito porque conseguiu emanar ao soberano povo a confiança de que ele seria capaz de tal missão.

Por exemplo, aquilo que assustou ontem Miriam Leitão após o resultado dado, a oração de Jair Bolsonaro antes de fazer o comunicado oficial à nação, é a mesma coisa que a maioria dos cidadãos médios fazem ao acordar e ao dormir; em suma, aquilo que assusta o sistema, é tão somente o que o povo é. Hoje se faz claro a distância grutal entre o senso interpretativo da realidade do “povão”, e a intelligentsia dos especialistas do estabilishment.

O que elegeu Bolsonaro, nesse sentido, foi a suprema vontade de um povo que não vê mal algum em orar antes de discursar, que se identificou com um líder que parece ter as mesmas crenças, práticas, e respostas que o próprio povo tem. Ou seja, aquilo que intimida os intelectuais e jornalistas encastelados, é justamente o que elegeu Bolsonaro.

 

O poço entre a realidade brasileira e a teoria de Brasil:

Desta maneira, chegamos ao terceiro ponto; há uma lacuna entre a realidade social e política dos brasileiros, e os discursos teóricos e ideológicos dos militantes. É bom pontuar que a alienação não escolhe cor ou partido, ela acontece em ambos os espectros; no Brasil é evidente a epidemia geral desse mal na esquerda e em setores mais tradicionalistas da direita. No entanto, neste artigo, abordaremos a alienação de matriz socialista — pelo motivo óbvio do problema abordado.

O progressismo universitário e midiático, por exemplo, criou um corpo de ideias e princípios estranhos ao próprio povo brasileiro. Querendo se achegar às novidades ideológicas dos países pretensamente avançados e se aliar a inovações filosóficas totalmente desconexas da realidade, tal casta se agarra às ideias progressistas fazendo dela o seu bem maior, a sua alienação preferida; a mesma casta, no entanto, olha para o povo brasileiro que renegou o seu progressismo, e chama-o de fascista e nazista.

Hoje, então, há dois países, aquele que convive com os fatos e pragmaticamente tenta conduzir as suas vidas em meio aos cacos do real; e aquele que teoriza seus passos em um monte de ideias gelatinosas, teorias utópicas e desconexas.

No Brasil de crises estratosféricas em todos os ramos em que as instituições tocam a realidade, é o país que possui milhões de pessoas (47.040.888) que pensam que o candidato do partido que causou tais crises iria ser melhor, ou teria um plano para resolver tais situações que eles próprios criaram. É de uma esquizofrenia interpretativa que chega a dar sono. Temos o país que mata mais que a guerra na Síria, e um discurso de desencarceramento; temos um país com crianças que não leem, não sabem escrever minimamente a sua própria língua, e não dominam o básico da matemática, sendo a preocupação mor dos ideólogos a educação sexual para o primário. Ou seja, de um lado temos a realidade crua, fétida, e dolorida do “fato Brasil”; e do outro temos as elucubrações progressistas.

É óbvio que não ignoramos a porcentagem daqueles que convicta e racionalmente votaram em Haddad, todavia, devemos nos questionar: quantos desses, em suas casas, longe dos holofotes e coações militantes, não defendem as mesmas pautas de segurança, moral, educação e saúde do candidato vitorioso? Não precisa nos dizer…

 

Para terminar:

A responsabilidade com a verdade e com a retidão daquilo que a moral baliza como o certo, não assinou nenhum tipo cheque em branco para Bolsonaro, e com a mesma prontidão com que admiramos sua aptidão de “combater o bom combate” contra forças desmoralizadoras e progressistas, seremos duros críticos de suas decisões se elas contradizerem o bom-senso e a democracia. Ou seja, não seremos entusiastas cegos, ou como já apelidamos algumas vezes: “petistas do Bolsonaro”. Para o Burke Instituto Conservador, o certo e o errado estão acima de qualquer governo temporal, e se alguém tem que se submeter a algo, são os indivíduos aos princípios perenes, e não os valores às pessoas ou governos. Sendo assim, nos dispomos a somar forças para ajudar a nação a crescer, se desenvolver e se tornar tão grande quanto ela merece; todavia, sempre com liberdade para críticas e rompimentos de apoios — caso julgarmos necessário.

No entanto, também não seremos os hipócritas que não louvarão a vitória de um conservador confesso. Talvez seja a primeira vez na história republicana que temos um liberal-conservador como líder máximo de nossa nação, já tivemos 37 presidentes, quase todos amorfos em suas definições políticas, constituídos numa mistura insípida de conservadorismo positivista, progressismo disforme, ou militarismo grosseiro. Sem querer comparar Bolsonaro com ninguém — a fim de não cairmos em imprudências — apenas podemos ver nele algo mais afeito àquilo que chamamos de um líder liberal-conservative em seu sentido mais clássico.

Todavia, a questão mais louvável nesse momento não é ter um presidente à direita, mas um presidente que performa uma identidade popular genuína, ou seja, uma identidade não forçosa e militante, mas sim natural e espontânea. Um líder que parece se aproximar da população por seu caminhar nativo, ao invés de passos forçados. Bolsonaro não surgiu de nenhum agrupamento de ativistas engajados, não é fruto de partidos, Igrejas, grêmios ou comitês; Bolsonaro se materializou naturalmente a partir de uma identificação que nasceu em 2013 com a revolta dos patriotas, chegando ao seu ápice nesse instante em questão.

Se o Bolsonaro será um bom presidente? Não sabemos, mas sabemos o que significaria a volta do PT ao poder; tivemos um estágio horrível de 13 anos sob sua chefie, e sentiremos por décadas o seu fedor de incompetência. O que nos resta agora é intensificar nossos trabalhos, permanecermos livres de instituições e Estados, garantir nossa independência de pensamento e crítica, para que, seja com críticas ácidas ou elogios decorosos, ajudemos a nossa nação da melhor maneira possível. O Burke Instituto Conservador já estava ofertado ao serviço da nação, agora nos sentimos mais fortes e revigorados nessa empreitada, ainda mais sabendo que há um conservador na cadeira presidencial. Parabéns Sr. Presidente Jair Bolsonaro.

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

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