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Conservador, antes de votar, leia isso:

Sem medo de assumir nossos valores:

Os conservadores não se furtam em admitir que possuem valores que são inegociáveis, princípios régios que não estão na esteira da negociação e postergação política. Não é vergonha para um conservador admitir a existência de leis universais que ditam, na esfera macro, o que é certo e errado nas questões éticas e morais da sociedade. Tais valores universais, como a dignidade intrínseca da vida humana desde a concepção, as liberdades de culto, pensamento e locomoção, além da inviolabilidade do indivíduo e suas escolhas — desde que suas escolhas não contradigam os demais princípios —; tais estacas de sustentação da civilização não pertencem ao montante do escambo ideológico ou da relativização filosófica.

Tais pilares arregimentaram a humanidade e deram a forma àquilo que costumeiramente ofereceu-se a alcunha de civilização ocidental. Defender tais pilares — e as raízes que deles saem — é uma missão assumida por homens sensatos durante toda a história humana, todavia, no fim da idade média e início da moderna, ganharam o nome de “conservadores” ou “moderados” frente as loucuras dos revolucionários.

Uns defenderam tais pilares da humanidade com o custo da própria vida; outros dedicando-se aos estudos para melhor compreender as composições ontológicas e teológicas dessas leis; alguns firmaram suas defesas na vida política em parlamentos, senados, presidências e tribunais; outros ainda serviram de obreiros incansáveis dos ensinamentos dessas leis naturais — que “divinamente” se tornaram senso comum.

 

Meros homens comuns:

Esses últimos foram chamados de “homens comuns” por G. K. Chesterton, no melhor sentido que se possa subtrair desse termo que, por tantos outros, é utilizado como carga pejorativa sob um ar de superioridade. Talvez tais “homens comuns” se encaixem hoje em nossa denominação de “classe média”, aquela classe que a petista Marilena Chauí disse odiar em tais termos: “é o atraso de vida, a classe média é a estupidez, é o que tem reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista; é uma coisa fora do comum a classe média”, palavras da filósofa da USP, fundadora e teorizadora do PT. Tudo isso, é bom pontuar, sob o consentimento risonho do presidiário e ex-presidente Lula.

Os homens comuns, para o filósofo inglês G. K. Chesterton, eram os verdadeiros guardiões do senso ético e moral no Ocidente, os grandes responsáveis por sua transmissão através das tradições (senso comum) familiares e religiosas.

 

Não vendemos nossos princípios:

Tendo a missão e condição de vigilantes constantes daquelas pilastras da humanidade, os conservadores não negociam ou alienam seus valores em troca de favores, muito menos apoiam ou votam em candidatos que frontalmente — ou de maneira limítrofe e disfarçada — ameaçam esses princípios. Nunca poderá um conservador votar em um abortistas, por exemplo. Não porque ele não tem o arbítrio para tal ação, mas porque o princípio da dignidade humana desde a concepção é algo que o antecede e não está em seu poder de negociação. Sendo ele ou apoiador do aborto, ou conservador, os dois ao mesmo tempo não é possível.

O banimento ou a relativização desses direitos basilares estacados como pressupostos da humanidade, não é algo que ele possa fazer justamente por sua condição naturalmente falha; não são os princípios que dependem dele, mas sim ele que está sujeito a esses princípios — algo lógico pela própria etimologia da palavra “princípios”, aliás. Se escolher contrapor e abandonar tais valores fundantes, simplesmente não será mais um vigilante dos pilares, isto é: um autêntico conservador; e sim apenas mais um de seus algozes. Ora, como denominaríamos aqueles que insistem em minar as bases onde estão assentadas as escadas pelas quais estamos subindo?

Sejamos claros, não há liberdade de ser conservador e votar em homens e mulheres que se postam contrários aos princípios que devem ser conservados; é uma contradição que não cabe no campo da razoabilidade. Não se trata de dizer o que um indivíduo deve ou não fazer, mas de perceber a incoerência latente que há em defender os pilares da humanidade e, ao mesmo tempo, dar suporte àqueles que querem minar tais pilares. O paradigma da raposa no galinheiro.

Para o conservador a liberdade não jaz num vácuo, mas é parte integrante de um conjunto de leis naturais que estruturam igualmente a realidade numa ética que torna possível a sociabilidade humana. Não é possível, de maneira sucinta, que em nome de uma amorfa liberdade de pensamento arroguemos que devemos derrubar os demais pilares que fazem parte do alicerce da sociedade; isso seria, no mínimo, enfraquecer todo o fundamento ocidental.

 

 

Isso não é uma cartilha política, mas um clamor à coerência:

Com isso, não estou querendo criar uma cartilha de como devem votar os conservadores. Deus que me livre de ser tentado a isso algum dia!

A consciência e a racionalidade humana é um dom, sendo todos nós capazes de compreender aquilo que é — ou não — coerente com nossos valores; a censura correta — e a única possível — é aquela que vem através de nossa própria consciência que, ao consultar seu arcabouço moral e racional, nos aponta o quão tolo é nos colocarmos contrários aos princípios que nos associam à estrutura civilizacional.

Sendo assim, não é esse artigo uma cartilha sobre política ou uma catequese conservadora, mas antes uma chamada ao despertar da consciência sobre os valores que são anteriores ao indivíduo e que não são moedas de troca. Um conservador não vota em revolucionários, afinal, revolucionar é justamente o ato de quebrar a continuidade do tempo e da ética histórica, é o ato de romper aquelas linhas que ligam as montanhas do ontem ao do amanhã. O conservador consciente, que preza por sua nação e segurança democrática, não vota em homens e mulheres que servem a organizações metacapitalistas, aquelas que querem tomar para si a sorte mundial através de financiamentos e influências ideológicas a diversos governos.

Por isso a importância ímpar de conhecer as propostas e o plano de governo de seus candidatos em todas as áreas; se aprofundar em sua biografia política e, na medida do possível, conhecer suas convicções morais — se eles as tiverem. Ao mesmo tempo que a política não é a única medida da humanidade para um conservador, com certeza é uma das vias mais importantes para conservar o necessário e mudar o que está errado.

 

Por fim:

Em suma, um conservador que vota em revolucionários simplesmente não é conservador, é apenas um jacobino esquizofrênico que usa uma gravata borboleta por fetiche. Quando afirmo tal coisa, não estou a limitar o voto de um conservador, ou mesmo censurando a sua liberdade de ação e escolha, mas atentando à própria lógica interna do que é ser conservador. Lógica que me diz não ser razoável, por exemplo, defender a vida desde a concepção em meu discurso, enquanto elejo alguém que vê num feto apenas um aglomerado apessoal a ser descartado como lixo; dizer que a liberdade de escolha e culto sejam basilares, ao mesmo tempo que ofereço o maior cargo do país a alguém que defende o engrandecimento estatal e a perda da capacidade de autogerenciamento individual.

Há uma lógica cortante no pensamento conservador, além de uma consciência moral vigorosa que me impede de votar em candidatos que não estão comprometidos com as estruturas de nossa civilização. Isso se chama coerência!

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As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, colaborador do Jornal Gazeta do Povo, ensaísta e editor chefe do acervo de artigos do Burke Instituto Conservador.

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