Reprodução

Melhores lançamentos editoriais de 2018

O Burke Instituto Conservador traz as indicações editoriais de um time de escritores, editores e críticos atuantes no meio liberal-conservador nacional. O nosso editor perguntou ao notáveis qual era o melhor lançamento editorial de 2018, e as respostas foram estas:

Rodrigo Constantino:

Colunista da Gazeta do Povo, Isto É, comentarista da Jovem Pan, autor de Esquerda caviar e Ex-libertário.
 

Livro indicado: Jonah Goldberg – Suicide of the West (Crown Forum)

Imagem: Reprodução

Jonah Goldberg, autor de Fascismo de Esquerda, lançou um novo livro: Suicídio do Ocidente. O que o autor sustenta é que a humanidade passou por uma espécie de Milagre, que nos retirou do pântano, não de um Jardim do Éden. Criamos o Milagre da modernidade por conta própria e, se o perdermos, será nossa culpa também. Seu intuito é mostrar como evitar essa tragédia.

Há, porém, um detalhe: essas conquistas não são naturais. O capitalismo não é natural. A democracia não é natural. Os direitos humanos não são naturais. O mundo em que vivemos hoje não é natural. O estado natural é a miséria e muita violência, terminando com morte precoce. Foi assim por muito, muito tempo. Até que algo mudasse, quase por acidente.

A verdade impactante é que quase todo o progresso humano ocorreu nos últimos 300 anos. Em locais onde o capitalismo não tinha ainda dado o ar de sua graça, esse progresso, que retirou centenas de milhões da pobreza, deu-se nos últimos 30 anos. Ou seja, em uma única geração uma parte significativa da humanidade experimentou um progresso sem precedentes. Esse é o Milagre de que Goldberg fala.

A corrupção de que Goldberg fala não é cair na tentação da propina, mas ceder aos encantos de nossa natureza humana, acatar aquela voz interior primitiva que sussurra sobre nossos sentimentos. Seria dar vazão aos nossos apetites sem qualquer tipo de freio moral, civilizatório. É permitir que o “bom selvagem”, que nada tem de bom, nos domine. É, enfim, abraçar a barbárie e virar as costas para a civilização.

Sem esforço, a civilização morre, pois é isso que ela representa: esforço. A complacência é uma receita para um suicídio em câmera lenta. As primeiras civilizações que surgiram tiveram sucesso justamente por conquistar a natureza humana, não por se entregar a ela.


 

Francisco Razzo:

Colunista na Gazeta do Povo, autor dos livros A imaginação totalitária e Contra o aborto.
 

Livro indicado: Michael Oakeshott – A política da fé e a política do ceticismo (É Realizações).

Imagem: Reprodução

O livro que todo conservador deve ler é o A política da fé e a política do ceticismo. Em linhas gerais, o filósofo Michael Oakeshott nos fornece o perfil da mentalidade política que um conservador deveria adotar: prudente ceticismo. Em 2015, quando entreguei as provas do meu primeiro livro, cheguei a cogitar não o título A Imaginação Totalitária, mas algo mais intuitivo e direito, que depois serviu de subtítulo: “Os perigos da política como esperança”. Na época meu eu queria entender a forma mental de uma disposição antipolítica, que se cristaliza como a pretensão de verdades absolutas e receitas abstratas para construção de mundo melhor via o poder. Se tem uma coisa que não combina a política são as verdades absolutas e as ideias abstratas. No livro, demonstrei que a ação política precisa, primeiro, reconhecer limites humanos concretos, por exemplo: quando se é mortal, é preciso pensar e agir como mortal. A política como esperança é uma forma sorrateira de declarar ódio profundo a isso. Em resumo: não aceitar o fato de sermos seres imperfeitos, finitos e limitados e usar a força coercitiva do Estado para realizar “perfeição, salvação e imortalidade”, ou seja, reparar a natureza humana. Tal é o mais elevado estágio a ser alcançado pela política da fé. Para corroborar minha tese, recorri precisamente a Michael Oakeshott, que em seu A política da fé a política do ceticismo escreveu: a política da fé é “a política de imortalidade, a construção para a eternidade”. Ou, para usar a fórmula mais completa, “a política da fé compreende o governo como uma atividade ‘ilimitada’; o governo é onicompetente. Isso, na verdade, é apenas uma maneira distinta de dizer que seu objetivo é a ‘salvação’ ou a ‘perfeição’”. Embora escrito em 1952, A política da fé e a política do ceticismo, recém lançada pela É Realizações, é o livro mais importante para o pensamento conservador.


 

Martim Vasques da Cunha:

Crítico literário, jornalista e autor dos livros A poeira da glória e Crise e utopia.
 

Livro indicado: Pedro Paulo Pimenta – A Trama da Natureza (Editora UNESP)

Imagem: Reprodução

Em A Trama da Natureza, Pedro Paulo Pimenta, professor da Universidade de São Paulo, faz um tratado meticuloso de como a Biologia moderna e a Filosofia iluminista (tanto a inglesa como a francesa) convergiram no estudo do organismo que, pouco a pouco, foi decomposto igual a uma máquina, dissecado pela razão humana e, ao ser articulado em escritos, foi distorcido pelas figuras retóricas de linguagem, em especial a analogia. Parece complicado, e é mesmo. Mas Pimenta faz isso com tal seriedade de rigor analítico e com tamanha abrangência na pesquisa bibliográfica que a sua explicação histórica torna-se evidente para quem quiser acompanhá-la.

Graças a um estilo elegante e cristalino, ele mostra ao leitor como essa convergência foi desenvolvida sem cair na tentação de ser um sistema fechado, algo que sempre foi um perigo no Iluminismo, de Diderot a Kant, passando por Adam Smith. Assim, vemos um drama das ideias que ainda tem sérias consequências no nosso cotidiano, como prova o impacto destas teorias nas descobertas revolucionárias de Charles Darwin ou na atual Economia Política, cujo “modelo conceitual nascente” foi tomado da Biologia, no qual “o sistema das relações econômicas é concebido tal como uma máquina que se regula a si mesma e adapta-se às circunstâncias”.

Segundo Pimenta, o que dá unidade a toda essa variedade de experimentos é a imaginação conceitual de cada filósofo ou cientista, possuídos pela certeza de que há um padrão na natureza – uma “trama” que teria ou não um fim externo (o telos aristotélico) e que explicaria o seu sentido aparentemente caótico.

Trata-se de um livro importantíssimo para quem quiser saber como pensa “o outro lado”, especialmente em um momento no qual a direita simplesmente resolveu perder essa capacidade.


 

Lucas Berlanza:

Lucas Berlanza é diretor-presidente do Instituto Liberal, editor do site “Boletim da Liberdade” e autor do livro Guia Bibliográfico da Nova Direita – 39 livros para compreender o fenômeno brasileiro.
 

Livro indicado: Bernardo Guimarães Junior – Nadando contra a corrente (Editora Armada)

Imagem: Reprodução

O trabalho do professor de Direito Administrativo Bernardo Guimarães Ribeiro já nasce como referência para os propósitos a que serve, o que justifica a indicação deste lançamento da Editora Armada. Trata-se de um autêntico dossiê. O livro – se o autor permite a palavra, porque prefere dizer que sua obra é um “compêndio de assuntos” – foi projetado, intencionalmente ou não, para ser um manancial inesgotável de informações e dados, da categoria daqueles que podem ser empunhados como armas fatais em discussões acaloradas, quando os argumentos etéreos já não bastam e fazem-se necessários os fatos, cristalinos e quantificados. Eminentemente prático e repleto de estatísticas e evidências documentais das teses que sustenta, por isso mesmo o livro é objetivo e muito útil.

 

 


 

André Assi Barreto:

Editor e tradutor da Editora Armada, Linotipo digital e colunista do Burke Instituto Conservador.
 

Livro indicado: Teresa Malatian – O Príncipe Soldado: a curta e empolgante vida de D. Antonio de Orleans e Bragança (Linotipo Digital).

Imagem: Reprodução

Essa obra, trazida a público pela editora Linotipo Digital, é uma pérola para amantes da História do Brasil, História do Império, Monarquia brasileira, família real ou mesmo o gênero biografias. Conta a breve vida de Dom Antonio de Orleans e Bragança, neto do Imperador Dom Pedro II, que participou da Primeira Guerra Mundial, era hábil piloto de aviões, tendo sido próximo ao próprio Santos Dumont, mas teve destino fatídico num traslado Paris-Londres. Os detalhes, creio eu inéditos na compilação, trazidos pela catedrática brasileira Teresa Malatian, são interessantíssimos e um importante registro da História do Brasil. A edição conta com imagens em papel pólen soft, bela arte de capa e genealogias das famílias Orleans e Bragança nas guardas, conferindo excelente valor estético ao livro.

Gostou desse artigo? Apoie o trabalho do Burke Instituto Conservador virando um assinante da nossa plataforma de cursos online.

As posições expressas em artigos por nossos colunistas, revelam, a priori, as suas próprias crenças e opiniões; e não necessariamente as opiniões e crenças do Burke Instituto Conservador. Para conhecer as nossas opiniões se atente aos editoriais e vídeos institucionais

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no email
Email

Comentários

Relacionados